Por Ronaldo Faria
Em pé, Múcio parece um beócio,
desses que acha que a felicidade está logo ali do lado, num cabide que se pega
e se muda de roupa. Pediu, cheio de crer, “me avisa”. “Diga-me”. Afinal, ele
queria era apenas saber. Do outro lado, certamente a ouvir fado, a alma gêmea não
está nem aí. Em seu mundo próprio, onde o impróprio está cheio de impropérios etéreos,
à merencória cor da lua, como diria o poeta, a essência da ciência não se fez. Mas
quem precisa de ciência quando tem a vivência fatídica da vida a costurar?
Sentado no bar besuntado de gorduras que flutuam no ar vindas da cozinha, Múcio levanta o dedo e pede outra gelada. Arcada em seus pesos e pesadelos, pródigos reveses da vida, a moça da mesa defronte ergue a fronte e lhe sorri. Ela está só. Seus dentes brancos, seu ventre ancho, suas ancas desprovidas de falta de vida, libertas ao amor, estão abertas em frestas que afrontam o torpor final. Certamente a mente do homem irá fazê-lo na madrugada acordar a beijar orelhas inexistentes com seu membro a brincar de inchar.
Sentado no bar besuntado de gorduras que flutuam no ar vindas da cozinha, Múcio levanta o dedo e pede outra gelada. Arcada em seus pesos e pesadelos, pródigos reveses da vida, a moça da mesa defronte ergue a fronte e lhe sorri. Ela está só. Seus dentes brancos, seu ventre ancho, suas ancas desprovidas de falta de vida, libertas ao amor, estão abertas em frestas que afrontam o torpor final. Certamente a mente do homem irá fazê-lo na madrugada acordar a beijar orelhas inexistentes com seu membro a brincar de inchar.
(Ao Zeca Baleiro)
II
Valêncio, ser onde valer na vida já é o bastante que o tanto se proseia, segue a se desvencilhar dos faróis dos carros, das amarras da vida, das feridas que conseguiu em cada canto do labirinto que construiu pra si. É um famélico amante, arfante, dissonante, benfazejo de um destino inconformado consigo mesmo. Sabe que daqui à frente não será muito, no nada que será. Mas, sobrevivente da incerta finitude, tem só uma derradeira atitude: nos passos em descompasso se fará cair calado na voz da paixão.
III
(Ao
Fagner)
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