quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Os blues de Jonh Coltrane

Por Edmilson Siqueira 

Que John Coltrane é um dos gênios do jazz, disso não resta dúvida nenhuma. Boa parte da crítica o considera o maior sax tenor da história do jazz e um dos mais importantes jazzistas e compositores deste gênero de todos os tempos. Uma longa vida seria necessária para a maioria dos mortais chegar, digamos, próximo a esse patamar, mas para Coltrane bastaram 41 anos incompletos de vida, pois ele nasceu em 23 de setembro de 1926 e morreu em 17 de julho de 1967.  


Tenho vários discos de Coltrane e nem sei do qual gosto mais. Talvez seja "Coltrane For Lovers", uma compilação de baladas que se tornaram clássicas ao sopro do gênio. O CD saiu por aqui, mas o que tenho foi comprado em Londres, na única vez que estive por lá, em 2001. E comprei na Tower Records que, alguns anos depois, deixou de existir.  


Mas não é esse o disco que estou ouvindo e tema do artigo de hoje. É outra seleção, ou seja, um apanhado de músicas de outros discos que, por algum motivo, podem ser reunidas num só.  


Nesse caso são alguns dos blues que ele gravou entre 1957 e 1958. Diz o encarte que ele começou a carreira tocando blues e para eles voltava constantemente. Nos intervalos, aproveitava para compor clássicos do jazz, influenciar uma geração inteira e revolucionar a música instrumental.   

São apenas seis faixas, mas é uma aula não apenas de blues, mas do jazz mais puro e inovador daquela época e que, até hoje, agrada aos mais exigentes ouvidos.  

Com vários grupos diferentes, as gravações têm ainda uma raridade: numa das faixas Coltrane toca sax alto, que foi seu primeiro instrumento. Em todas as outras ele está com o tenor que o consagrou.  


A primeira faixa é "Slowtrane", do próprio John Coltrane acompanhado apenas de contrabaixo e bateria. Ou seja, toda a parte melódica, nos mais de sete minutos da música, cabe exclusivamente a Coltrane, com um belo improviso do baixo. 


A segunda também é dele, que gostava de usar corruptelas do seu sobrenome nas composições. Trata-se de "Traneing In", que já tem o acréscimo do piano de Arthur Taylor. Apesar de ter mais de 12 minutos, a faixa e apenas a terceira em tamanho na seleção. Depois de um solo de piano de quase 4 minutos, é que entra o sax de Coltrane. 


Um blues clássico de Charlie Parker - "Billie's Bounce" - é a terceira faixa. Aqui já há o acréscimo do trompete de David Bird e a faixa foi extraída do disco "Red Garland Quintet With Coltrane/Dig It!" 


"The Real McCoy", de Matt Waldron vem a seguir. É a faixa em que Coltrane toca sax alto, acompanhado de flauta, de um sax tenor e de um sax barítono, além de piano, baixo e bateria. Detalhe para o belo solo da flauta de Jerome Richardson. 


A quinta faixa é "Big Paul", de Tommy Flamagan, com o grupo voltando à formação de quinteto, com sax, piano, guitarra, baixo e bateria. Um solo incisivo de Coltrane marca faixa.  

A seleção se completa com "Sweet Sapphire Blues" de Robert Weinstock. Da formação anterior, sai a guitarra para entrar o trompete. A faixa, a mais longa do disco, com mais de 18 minutos, também se inicia com um longo solo de piano e Coltrane só dá as caras perto do sexto minuto. E entra com algo semelhante ao be bop do qual foi um dos criadores. Mas é muito bom também.  

O CD está à venda nos bons sites do ramo e eu não encontrei no YouTube para ouvir. 

Zé Geraldo

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