quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Tudo o que mais nos uniu...

 Por Ronaldo Faria

A Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro

Caminha adiante, para onde for ou viver. De viés, vai alvissareiro a transgredir normas e rumos, desarrumados castelos de areia, inusitadas lufadas de vento, ausentes carinhos e famélicos desejos. No degelo do coração, chegará a eterna e finda razão. Um tanto de tântrico desejo, um ensejo em revés, um inusitado descalabro a ferir impassíveis corações. Na igreja logo perto e longe, famigeradas orações. Um poeta esquecido na sarjeta a escrever versos transversos entre a água que corre no esgoto e o gosto que deixou a saliva a molhar. Um violão no desencanto de um ilusório dedilhar e a voz que se esvai na incongruência do chegar te farão companhia a brotar. No meio de tudo, um esquecer fragilizado pelo tempo ausente e demente. No peito, a guerra entre o início e o fim. Nos números ao contrário, o amargo divisor entre o amor e o fim. Um museu de casais a desenrolarem esquinas e sinas assimétricas e desiguais. No dicionário, a diferença entre homens e animais. No Carnaval em féretro venal, anéis se enchem de areia a encharcar luzes e túneis sem rebrilharem no inútil aval. Um mar que não voltará a bater no corpo em descompasso e o despacho que se largou na encruzilhada sob as asas da galinha preta e da farofa dourada. Nos alfarrábios, persas e árabes dividem as orgias do desamor. A moerem especiarias dos trópicos e trôpegas unções, vão a se esvair em relógios de sol e solicitudes trágicas e óticas. Aos camelos do deserto logo perto, de presto, letras rotas e tetras soltas a se desmancharem à margem de qualquer passar. No meio de tudo, a pergunta que não conhece a diferença entre o mau e o mal. No caminho do cantor, o fim letal. No batuque de tambores e tantãs, tantãs rebolam no salão do hospício num girar infernal...

Zé Geraldo

 Por Ronaldo Faria A viola viola o sonho do sonhador como se fosse certo invadir os dias da dádiva que devia alegria para a orgia primeira...