sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Um guitarrista cheio de jazz

Por Edmilson Siqueira 

Wolfgang Muthspiel. Conhece? Quem ama o jazz deve conhecê-lo. Ele já gravou 22 discos, o último em 2020 ("Angular Blues"). Eu tenho o segundo dele e gosto muito. Pra quem não sabe, Wolfgang é um respeitado guitarrista que começou tocando violino aos seis anos e depois mudou para o violão clássico e depois para a guitarra elétrica. Ele lançou seu primeiro disco, "Timezones", aos 13 anos. Durante dois anos, excursionou com ninguém menos que Gary Burton e o guitarrista Mick Goodrich, que era um de seus professores no Berklee College of Music.  


Em 1990, ele lançou o disco que estou ouvindo agora e cujo título é "The Promisse", que é uma das faixas. Para um segundo disco de um instrumentista, o time que ele reuniu é coisa de gente grande. John Patitucci, Bob Berg, Rich Beirach e Peter Erskine fazem parte do elenco reunido, sob a produção de Gary Burton. E, ainda mais, pelo fato de que, das nove músicas do disco, sete são de autoria de Wolfgang. As outras são "My Funny Valentine", de C. Rodgers e L. Hart; "The Promisse", de Gernot Wolfgang. 


Com Bob Berg no sax tenor, John Patitucci no contrabaixo, Richie Beirach no piano e Peter Erskine na bateria, o disco é de uma suavidade ímpar. No encarte que acompanha o CD, Gary Burton, em longo texto, diz que cada época, no jazz, tem um instrumento que se sobressai. E, com ele, um punhado de músicos acabam aparecendo também. Foi assim com o piano, depois com o saxofone e, agora (em 1990), "a ação aponta para a guitarra. Nunca houve mais guitarristas talentosos, liderando bandas, escrevendo músicas, gravando discos, definindo tendências e estilos do que na época atual."

Depois, ele acrescenta que recebeu recomendações de amigos e grande músicos para contratar Wolfgand para sua banda. E, ao fazê-lo, descobriu que, como um guitarrista, "Wolfgang tem uma formação inusitada, o que, eu sinto, aumentou muito suas habilidades como improvisador e compositor. Criado na Áustria, na cidade de Graz, não é de estranhar que tenha começado a sua vida musical como violinista. Com o passar dos anos de estudo, Wolfgang mudou para o violão clássico e durante esse período frequentou o conservatório de Graz e tocou concertos nesse instrumento." Depois do violão clássico, Wolfgang mudou para a guitarra elétrica, decidiu ir para a América e estudou no New England Conservatory e, depois, no Berklee College. Aí o jazz já era seu estilo de vida.  


O resto é uma carreira que, nesse segundo disco, apontava para um dos mais criativos guitarristas e compositores jazzísticos da cena americana. 

Esse disco que abre os trabalhos com "T.G.", é daqueles que você começa a ouvir e não para até a última música, pois, além do próprio Wolfgang mostrando uma guitarra já madura e cheia de improvisos inspirados, tem um time dos mais competentes que não deixa a peteca cair em momento algum. 


O disco pode ser ouvido na íntegra no YouTube em https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_mXiwhB0MrzEBwlntmYpazjMHMPFXelAUE. E ainda está à venda nos bons sites do ramo. 

Zé Geraldo

 Por Ronaldo Faria A viola viola o sonho do sonhador como se fosse certo invadir os dias da dádiva que devia alegria para a orgia primeira...