sábado, 29 de outubro de 2022

A "Bahia" de John Coltrane

Por Edmilson Siqueira 

"Bahia", com John Coltrane. É o que estou ouvindo agora. Sim, "Bahia" de Ary Barroso, gravada em julho de 1958. Tá bom, você conhece por "Na Baixa do Sapateiro"? Ok.  


Pois essa música abre o disco do mesmo nome e, no encarte, Robert Levin explica que, "durante os meses finais de seu trabalho e parceria com Miles Davis, John Coltrane participou de várias sessões de gravação para o selo Prestige e New Jazz, sem Miles e, às vezes, usando um ou mais integrante do grupo na sessão rítmica. Esse disco, "Bahia", é uma continuação da grande série de gravações daquele período, que teve um significado muito grande na obra de Coltrane." 


Em "Bahia", que tem 6 minutos e 15 segundos, Coltrane, entra de sola na bela melodia de Ary Barroso por cerca de 40 segundos. Depois, a música vai saindo de sua cabeça e seu sax se torna o condutor de uma sequência de sons que apenas seguem o ritmo da bateria de Art Taylor, até parar para dar vez ao piano de Red Garland que também viaja no improviso. Do mesmo modo, Paul Chambers no contrabaixo, faz com o arco sua participação solo na faixa. Só aos 5 minutos e 23 segundos, Coltrane volta com a melodia que os inspirou a todo esse improviso.  


A segunda faixa é "Goldsboro Express", do próprio Coltrane, e serve para ele mostrar suas qualidades de instrumentista, num som rápido com uma bateria meio insana, por 4 minutos e 41 segundos. É a menor das cinco faixas do disco. 

Depois vem "My Ideal", de Richardson Whiting. Trata-se de uma balada, que lembra outras fantásticas que ele gravou em "Coltrane For Lovers", um disco clássico de jazz, inclusive com a participação do cantor Johnny Hartman. Só que essa é mais longa, com seus 7 minutos e 30 segundo.  


A quarta faixa é  I'm a Dreamer (Aren't We All?)", de Sylva, Brown e Henderson, e ela serve para Wilbur Harden mostrar todo seu talento ao trompete. E Coltrane volta a frequentar o jazz mais contido, mais próprio de orquestras, mas sem perder a velha e grande categoria. 


Por fim, "Something I Dreamed Last Night", de Yellen, Magidson e Fain, também é uma belíssima balada, que cai muito bem no estilo de Coltrane. Por 10 minutos e 48 segundos, ela nos leva, ao som do sax, do contrabaixo e do piano a pensar num bom uísque ou num bom vinho para acompnhar seus lenmtos compassos.  


Apesar da música título do disco ser brasileira, o disco é importado. E está à venda em alguns sites, como Mercado Livre, por um preço um tanto quanto salgado. Não encontrei o disco inteiro no Youtube, mas todas as músicas estão lá, separadas. 

Zé Geraldo

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