Por Ronaldo Faria
Minas tem cheiro sei lá de coisa presta em festa? Tem. Com certeza tem. Tem cheiro de bosta de vaca, de mato a crescer livre, de riachinho que corre quieto na divisa indivisível entre suas terras e um São Paulo a pulular do lado de cá.
Minas tem cheiro de viola a
correr e sangrar e brotar além nas cordas de aço que discorrem entre o leite e
o café. Para deleite de São Gonçalo, se fará em qualquer um. Quem sabe num gole de
pinga a respingar as horas e trovas, na fé.
Minas
tem mais: tem junção de mundos entre o início e o fundo, a correr de lá e para
cá num universo entre a cidade e a roça, no início e precípuo fim. Precipício às tristezas decerto há. Ácida,
indelével, entre a missa e o refrão, fica a saudade e o que ainda resta de
mundão.
Minas
tem minério nenhum e tem todos. Tem um ilícito poema de madrugada em torpor, tem o
imaginário e glacial louvor. Pedaço de mãos e vozes em imaginário torpor. No
fim, nos sobra música mágica a voar feito ébrio perdido, inútil e grave ateu.
Minas,
misturada em quilômetros afônicos e tônicos, sobrevoe, pois, feito os pássaros
atônitos que te cobrem de poemas e penas. No permear de qualquer coisa, não
seja nada. Se apequene gigante no seu sem mar, a seguir onda a onda no cerzir e sorrir.
Minas, tua grandeza, em si, te fará...