terça-feira, 23 de agosto de 2022

No Vento Viola

 Por Ronaldo Faria

Minas tem cheiro sei lá de coisa presta em festa? Tem. Com certeza tem. Tem cheiro de bosta de vaca, de mato a crescer livre, de riachinho que corre quieto na divisa indivisível entre suas terras e um São Paulo a pulular do lado de cá.

Minas tem cheiro de viola a correr e sangrar e brotar além nas cordas de aço que discorrem entre o leite e o café. Para deleite de São Gonçalo, se fará em qualquer um. Quem sabe num gole de pinga a respingar as horas e trovas, na fé.

Minas tem mais: tem junção de mundos entre o início e o fundo, a correr de lá e para cá num universo entre a cidade e a roça, no início e precípuo fim. Precipício às tristezas decerto há. Ácida, indelével, entre a missa e o refrão, fica a saudade e o que ainda resta de mundão.

Minas tem minério nenhum e tem todos. Tem um ilícito poema de madrugada em torpor, tem o imaginário e glacial louvor. Pedaço de mãos e vozes em imaginário torpor. No fim, nos sobra música mágica a voar feito ébrio perdido, inútil e grave ateu.

Minas, misturada em quilômetros afônicos e tônicos, sobrevoe, pois, feito os pássaros atônitos que te cobrem de poemas e penas. No permear de qualquer coisa, não seja nada. Se apequene gigante no seu sem mar, a seguir onda a onda no cerzir e sorrir.

Minas, tua grandeza, em si, te fará...

Zé Geraldo

 Por Ronaldo Faria A viola viola o sonho do sonhador como se fosse certo invadir os dias da dádiva que devia alegria para a orgia primeira...