quinta-feira, 4 de abril de 2024

A quantidade de gêneros musicais

 Por Ronaldo Faria
 


-- Quantas foram?
-- Sei lá. A ressaca, quem sabe, amanhã saberá!
No baile de Carnaval, sem aval da solidão, esquecida por quatro dias, Pafúncio sabia que o anúncio do abstrato substrato de si só cobrava a conta no amanhecer do depois. Mas isso não o espantava. Fosse assim, ele não teria nem despertado há dezenas de anos atrás. Naquilo que o momento apraz, porém, vem o soluço resoluto a catar cada nota inaudita e dita na garganta que se desfez em tragos e tangos, tragédias, epopeias e comédias. No palco, um cavaquinho vira caquinho na cena que o diretor se fez ator e plateia. Do tempo que mulher era teteia, Lupércio bandeia entre extremos que se juntam em linha reta, como ensinava o professor taciturno de geometria. Na magia da ilusão que sobra em profusão no salão, forrado de serpentinas, todas repentinas, e confetes que parecem confeitos do bolo que murchou, ele dança na contradança que é dedicada ao sal de frutas Andrews, aquele que devolve o desejo de brincar no dia depois. Ao som da banda e do realejo que faz o desejo do periquito na porta do clube postergar decepções e ilusões, Lupércio rodopia sem parar. O fim, no adeus da colombina ao pierrô, une enfim o coração que João Gilberto disse estar cansado de sofrer.

Zé Geraldo

 Por Ronaldo Faria A viola viola o sonho do sonhador como se fosse certo invadir os dias da dádiva que devia alegria para a orgia primeira...