Por Ronaldo Faria
Escada que faz dois cortes na
busca de um cortês documento pra provar que nada há. Mesmo como carioca daquela
gema que geme no asfalto de 50 graus do Rio de Janeiro e se faz ovo frito é
difícil decifrar as cifras que vêm de um Jorge a ser Mautner ou mais num mal
ter. Nas trevas que tentam turvar o violino do trovador há o sol que brilha
como um brilhante sem cor.
Mas que coisa mais louca essa
coisa de se mutilar sem querer só para rever algo que não há. No solstício de
um novo chegar, o agregar de um gaguejar do mudo que nem sabe que existe linguajar,
o vaticínio do equino que transborda de bolos de cocô a estrada de terra e pó.
Certamente ter-se-á no terço sem contas, na oração da canção, a se ver um
cavalo sem dó.
Mas que escada sem graça,
dessas de alumínio retilíneo e cortante, a nos pegar desprevenidos em procuras
e agruras. Logo ela, invenção do homem para ajudar o mesmo a subir na vida, nem
que seja de forma difusa e contumaz. Daqui, com Jorge Mautner a cantar, o José vai
ao fim de mais um fátuo dia, coberto de rimas e arrimos, a tentar voltar a falar
com os animais.