Edmilson Siqueira
Paixão antiga...
A tabelinha musical que ora se apresenta não começou
hoje. Há, talvez, quase duas décadas, Ronaldo e eu trocamos figurinhas
musicais. Vários dos meus CDS são cópias de discos meio raros que ele
encontrava, fazia uma cópia com as facilidades que a tecnologia nos
proporcionou, e me presenteava. Mas a maioria deles foi comprada nos últimos 30
anos, ou presenteada por autores e produtoras nos oito anos em que escrevi a
coluna Farol no jornal Correio Popular de
Campinas, onde, muitas vezes, comentei discos. Meu interesse por música
vem de muito tempo atrás. Ainda criança, me divertia com os discos do meu pai
num rádio vitrola Zilomag. Rago e seu Conjunto, Vicente Celestino, Boleros
Inesquecíveis foram três LPs do velho que eu ajudei a gastar. O primeiro do Zimbo
Trio, esse já das minhas irmãs, mais velhas que eu, também fez minha cabeça de
quase adolescente. Era a bossa nova mais jazzística já se misturando num modelo
que faria sucesso nos mais de 60 anos seguintes e que alcança os dias de
hoje.
Depois vieram os Beatles, os Rolling Stones, os festivais da Record com a nova
MPB se juntando à velha e dela saindo frutos memoráveis que até hoje estão por
aí e eu fui acompanhando a rica cena musical que se instalou no Brasil - e no
mundo - a partir dos anos 1960.
Muitos anos mais tarde, numa loja chamada Raposa Vermelha, em Campinas, o
proprietário me indicou um disco de Thelonius Monk, que foi a minha introdução
no jazz. A partir dali um novo mundo se abriu e hoje minha discoteca se divide
entre MPB (a maioria), um pouco de rock e muito de jazz.
E é dela que vou extrair os discos que farão parte desse blog. Um dia eu, outro
dia o Ronaldo, ele mais voltado à música brasileira em suas diversas - e boas -
manifestações, mas, claro, sem qualquer compromisso com determinado gênero, já
que ambos gostamos apenas de música boa, não importando a roupagem com que ela
se nos apresenta.
Ronaldo Faria
Vício sem cura ou solução
Gosto de música
desde os primórdios da minha existência. Não sei como surgiu, mas apareceu de
repente e ficou. Lembro-me dos meus tempos de infância na fazenda de meu avô
materno, no interior da Bahia, a ouvir Luiz Gonzaga no rádio de galena que ele
tinha. Funcionava acoplado a uma bateria. À época, anos idos de 1960, na
fazenda não tinha luz elétrica. Era à base de lampião, a gás na sala e a querosene
nos outros cômodos. A meia luz, o silêncio ao redor e os acordes do xote, baião
e xaxado me fizeram amar a música. Quando tive alguma condição financeira,
adolescente, comprei um aparelho de toca-fitas da Phillips. E virei um viciado
em adquirir fitas Basf de 90 minutos e a comprar gravações. Na sua quase
totalidade, MPB, com destaque para a Bossa Nova, Samba e Instrumental. Acho que
o primeiro exemplar que entrou no meu aparelho sem falar português foi um
original de Saturday Night Fever, afinal ninguém nos Anos 70 passou
incólume a se embalar de discoteca. Aos poucos, depois, o Jazz invadiu a minha
alma e chegou pra ficar. E a música norte-americana dos Anos 50/60, o Blues, os
músicos e divas do Jazz abriram as portas do no meu coração e nunca mais
saíram.
Das fitas, dezenas de centenas delas, passei direto para o CD. E dá-lhe a
comprar um tanto de tantos CDs virgens para gravar o que caía nos ouvidos e
mãos e adquirir alguns milhares de discos originais. Aqui, uma revelação: nunca
tive um toca-discos, nunca tive um vinil em toda a minha vida. Não é desleixo
ou descrer da qualidade da mídia. Era viciado em fitas e depois acabei viciando
em CD. E DVD. E a capturar toda e qualquer obra que juntasse mais de um acorde
ou verso. E de todos os gêneros possíveis e imagináveis e em todas as línguas e
expressões artísticas que a mente e a genialidade humana tenham criado. Em
primeiro lugar, sempre e no meu eternamente, MPB. Mas o Jazz, o Blues, o
Country, o Tango, a música latino-americana, o Clássico e todo o mais estão
entre os muitos milhares de exemplares que possam caber em três terabytes de
HDs e uma estante. Boa parte eu não ouvi e nunca ouvirei. Não terei tempo em
vida. Mas acabei virando um acumulador de música. Vício mesmo. Desse que não
tem AA ou NA que cure. Contudo, se era para ser assim, que assim o seja.
Quem quiser saber de grupos de Campinas (SP), vai a dica: https://ronaldofaria57.blogspot.com/
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