Por Ronaldo Faria
Quem faz bem a quem? Estará tal ser aqui ou no além?
O homem, na aquiescência que o abstrato no substrato de nós dá, caminha nas areias de Ipanema como se fosse na eternidade um simples fonema. Algo que brinca de tracejar pra lá e pra cá aquilo que não sabe denotar de par. Já andou por sobre trilhos de trem, escapou de pivetes, correu ladeira abaixo de um ladrão do Méier, vagou embriagado onde o diabo jogou o pão que amassou, se escondeu em colcha de retalhos para crer que não seria estraçalhado. Foi, fortuito, fugitivo, famélico de querer. Quem sabe, quilombola de um quilombo perdido nas perfídias de história qualquer, encontrou, por fim, sua derradeira mulher. E deitou quieto, aquietou num lugar apócrifo e, creiam, sequer vomitou. Foi apenas ele, enlouquecido e aquecido de goles ou roupas do Vietnã. Foi viajar na Jamaica, baseou seu universo num pedaço de papel o seu véu e se esvaneceu de porvir seu por vir numa data inusitada da menor fé.
O homem, menino na verdade de
quem quiser crer, até acreditou pudesse domar os ventos, a foz do rio, falar
com Deus. Mas qual, era apenas ínfimo ser, sem palco, orquestra e vocal. No
desterro do fugaz enterro frugal, a fragilidade que sequer a maldade sabe desenhar
ou desdenhar. Afinal, qual será o lugar final e fetal? À espera da próxima
música, a versejar, o aprendiz a sonhar descobre que nem o mais pobre dos mortais
se enternece da noite clarear.