quinta-feira, 6 de julho de 2023

Celso Fonsequeando 2

Por Ronaldo Faria


Quem faz bem a quem? Estará tal ser aqui ou no além?

O homem, na aquiescência que o abstrato no substrato de nós dá, caminha nas areias de Ipanema como se fosse na eternidade um simples fonema. Algo que brinca de tracejar pra lá e pra cá aquilo que não sabe denotar de par. Já andou por sobre trilhos de trem, escapou de pivetes, correu ladeira abaixo de um ladrão do Méier, vagou embriagado onde o diabo jogou o pão que amassou, se escondeu em colcha de retalhos para crer que não seria estraçalhado. Foi, fortuito, fugitivo, famélico de querer. Quem sabe, quilombola de um quilombo perdido nas perfídias de história qualquer, encontrou, por fim, sua derradeira mulher. E deitou quieto, aquietou num lugar apócrifo e, creiam, sequer vomitou. Foi apenas ele, enlouquecido e aquecido de goles ou roupas do Vietnã. Foi viajar na Jamaica, baseou seu universo num pedaço de papel o seu véu e se esvaneceu de porvir seu por vir numa data inusitada da menor fé.

O homem, menino na verdade de quem quiser crer, até acreditou pudesse domar os ventos, a foz do rio, falar com Deus. Mas qual, era apenas ínfimo ser, sem palco, orquestra e vocal. No desterro do fugaz enterro frugal, a fragilidade que sequer a maldade sabe desenhar ou desdenhar. Afinal, qual será o lugar final e fetal? À espera da próxima música, a versejar, o aprendiz a sonhar descobre que nem o mais pobre dos mortais se enternece da noite clarear.

Celso Fonsequeando

 Por Ronaldo Faria

 


Venham sombras da noite e os açoites que nos percorrem em pesadelos sem zelos num tentar dormir em paz. Cheguem, porém, na aquiescência da vida, generosos e zelosos. Deixem-nos, ao menos, memorizar em mármore de carrara a fugaz fervura de algo ser. Afinal, quantos anos, dias ou minutos mais? De quanto tempo a eternidade se perfaz?

No canto do bar que se derrama na esquina onde qualquer quina serve de anteparo para um bêbado trôpego poder viver, o pranto não tem lugar. Talvez saudades travestidas de mulheres vestidas de lingerie e toques de almíscar a esvoaçar nas nuvens que esperam gotas de chuva chegar para parirem seu viver.

-- Tocar violão de ser bão. Tentei aprender para viver o mundo de uma morena clássica. Não consegui. Hoje resta babar por quem sabe fazê-lo...

Na imensidão que um quadrado dá, sob a luz de milhares de pontos de uma tela esteta, o pseudo poeta vai a vomitar saudades, calamidades e chamados vãos, em vão. Quem sabe um dia uma nova anestesia não permita tudo esquecer, reencontrar o rabinho peludo a balançar, saber que nada mesmo há de saber.

-- Cantar, como é bom cantar. Desopila o fígado, tira as rugas do rosto, oxigena a frágil mente, deixa a gente a crer que vale a pena ser.

Na ilusão premente que cada um mente pra si, os dormentes de um trem que nunca chegará na falta de casais a chorarem o despedir, na loucura daquele que busca o vagão de onde chegará seu repente, quiçá réquiem e refém. E assim, assintomático, em sofisma, vamos a ouvir quem nos diz que ela é carioca...

Zé Geraldo

 Por Ronaldo Faria A viola viola o sonho do sonhador como se fosse certo invadir os dias da dádiva que devia alegria para a orgia primeira...