Por Ronaldo Faria
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Cantilenas de loucas falenas a se despojarem nuas e cruas na cama
do poeta que se entrega à sina infinda de criar e recriar. No meio das pernas,
duas outras pernas num sair e entrar sem findar. Doutas senhoras na imprecisa e
narcisa chegada ávida da vida procrastinar. Quem sabe um som diuturno e soturno
ainda paira no ar. Um brinquedo nunca dado, um derradeiro afago, uma voz que
soa inaudível ao tempo crível e tolo. Na imensidão que pode haver além do
infinito, o trocar de carícias e sevícias, semeaduras prolixas, tardias
urgências findas. Numa visão dupla, o gole que se dá em suores lambidos e
findos, o entardecer crivo, o luar dado, o sol que se abre para acordar os dois
do promíscuo mundo em limbo. No meio do nada, cantares de roucas gargantas,
sacripantas emoções em prantos, páginas escritas em branco. A incerteza de um
amanhã que surge entre nuvens e névoas, incólumes lumes sem luz. Um sol que se
esconde à margem da morte e da fronte. De mãos em sangue, o poeta sorve sua
sede na fonte. Ao redor, chamas frias enchem de fogo e calor o torpor da exígua
vastidão. No derrear do que ainda pode haver ou haverá, a embriaguez que tira
sabe-se lá de onde a hedionda chegada do findar e ser...