Por Edmilson Siqueira
Em 1950, Dizzy Gillespie, acompanhado de um conjunto cujos integrantes são até hoje desconhecidos, realizou um concerto tendo como crooner ninguém menos que Sarah Vaughn. Ele estava com 33 anos e ela com 26. Já eram veteranos e deram um show. O concerto foi gravado e, pelos menos 34 minutos dele sobreviveram e chegaram ao CD em 1995.
O CD leva o nome do trompetista com Sarah Vaughn e um subtítulo de "Body And Soul", que é a quarta faixa do disco e com a qual, em 1942, aos 18 anos, Sarah ganhou o concurso da Noite de Amadores do Teatro Zeus. O prêmio? Dez dólares. E uma semana para cantar no Apollo. Algum tempo depois ela foi contratada, em 1943, para abrir os trabalhos para Ella Fitzgerald.
O bebop de Dizzy chega a imperar em quase todas as faixas. Eu, que não sou grande admirador desse estilo, abro uma exceção para esse disco, talvez embevecido pela presença de Sarah e também, por um certo comedimento de Dizzy, que não exagera muitos nos improvisos "bebopianos".
Como escrevi acima são apenas 34 minutos, mas encantam que aprecia jazz. O CD começa com "Rhumbop Concerto", tema composto por Duke Ellington e B. Strayhorn, com longos 8 minutos e 12 segundos, onde a banda, exibe, no melhor estilo, o fusion que Dizzy já vinha namorando há tempos. "Study in Soulphony", do próprio Gillespie, vem a seguir. Um tema lento, onde o trompete se destaca em altas notas e em bela melodia.
Sarah entra na terceira faixa com a música que se tornaria um clássico e é regravada até hoje: "Love Me Or Leave Me Alone", de W. Donaldson e G. Kahn. Em seguida ela prossegue cm "Body And Soul", de J. Green e E. Heyman. Em ambas dá um show de interpretação.
O disco pode ser ouvido na íntegra no YouTube em https://www.youtube.com/watch?v=LJVUbqVPJjU . E ainda está à venda nos bons sites do ramo.