sábado, 15 de junho de 2024

Fevereiro logo vai chegar

 Por Ronaldo Faria

Astrogildo, cujo astrolábio era mera peça de armário, decidiu que sairia este ano na Portela. “Chega de Império Serrano. Basta de impropério. O meu lugar é colado na velha guarda que está guardada na saudade.”

Astrogildo, kamikaze solitário do samba mesmo sem nunca ter sabido que o Japão fez alguma segunda guerra, já tinha decidido. Mais certo do que isso só o nome que estava sujo há muito no velho carnê do SPC.
No sambódromo, nesses passos que passistas serpenteiam a ver coxas e bundas siliconadas cheias de peitos e lábios carnudos a rodar, Astrogildo era um ser maior. Cantador feito sabiá a descobrir que sabe voar.
Afinal, na finitude de tudo, o importante era apenas o segundo de um flash, feito o piscinão que Ramos joga em si. Astrogildo, jogador de time nenhum, tinha no desfile o desfiladeiro que fazia a morte diária despertar.
E por fim, no fim que o afim traduz em eternidade, chegou o dia do grupo especial. Vestido de marciano, com uma alegoria que transmitia a fatalidade da vida, Astrogildo virou próton de um nêutron qualquer. Sorriu, suou e enfim foi feliz.

Zé Geraldo

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