sábado, 22 de julho de 2023

Desterro

 Por Ronaldo Faria


O homem começa a piscar de um olho só. Mas, para onde foi o outro, sorrateiro na noite? Talvez esteja desterrado e enterrado num soneto qualquer. Senão, quem sabe, ainda brincará de moleque solitário e quaternário nos tempos dos anos 60/70 que ninguém hoje sabe sequer se existiram. Talvez na coberta de tacos, esquálido ser a se esconder, pequeno ser, possa sobreviver. Senão, a insana futurologia que de nada possa valer. Anos de crença, saudades, luta, amores, pudores, arroubos desses que faz a gente digitar (datilografar no meu mundo) errado e acertar. Daí eu penso como seriam Vinícius, Drummond e Bandeira se pudessem reescrever in loco suas alegorias mil. Maiores do que aquilo são? Certamente não. Impossível crer que Fernando Pessoa, por exemplo, tenha um heterônimo igual, tão substrato de algo ser hoje em mim pouco poético e desigual. Mas, daqui, na sandice que existe e some no momento certo (há momento lúcido a esperar?), fica apenas a pena enlouquecida e vendida ao sabor da poesia, da rima, da sangria que ainda existe no pouco de vida que exangue em sina. 

(A ouvir Dominguinhos Iluminado)

Zé Geraldo

 Por Ronaldo Faria A viola viola o sonho do sonhador como se fosse certo invadir os dias da dádiva que devia alegria para a orgia primeira...