sábado, 16 de abril de 2022

O Passarim do mestre Jobim

Por Edmilson Siqueira 

Antonio Carlos Jobim, o nosso Tom, sempre será merecedor de todos os elogios possíveis, claro. Mas, como já andei elogiando o moço no primeiro texto deste blog, vou passar direto por essa seção e entrar de sola no primeiro CD que eu tive na vida. Lembro-me que foi um presente de aniversário, ainda nos anos de 1980 e que nem tínhamos ainda um CD player. Que, por óbvia necessidade, foi comprado logo em seguida. Quem me deu que me desculpe, mas não consigo lembrar, afinal, lá se vão pelo menos uns 35 anos. 


Mas o que importa é que se trata de um Jobim e, consequentemente, até hoje ouço e sempre com um prazer renovado. O disco se chama Passarim, mesmo nome da primeira música. Como compositores, além de Jobim, fazem parte do disco Paulo Jobim, Danilo Caymmi e George Gershwin. E como letristas Ronaldo Bastos, Paulo César Pinheiro, Chico Buarque, Gil Goldstein e Ira Gershwin. Como se vê, o time só tem cobra criada. 

No ótimo site Instituto Antonio Carlos Jobim - que tem em seu acervo tudo de Dorival Caymmi, Chico Buarque, Gilberto Gil, Paulo Moura, Milton Nascimento e Marieta Severo, ficamos sabendo de detalhes importantes dessa obra (e de todas as outras) do nosso maestro soberano. Está lá no site: "Depois de Matita Perê e Urubu, Passarim completa a trilogia de discos de Tom com nome de pássaro; é o primeiro com a Banda Nova, com quem gravaria outros: uma produção familiar, com coordenação e arranjos de Paulo Jobim e Jaques Morelenbaum. Além de Paulo no violão e Jaques no cello, a Banda Nova era formada por Danilo Caymmi na flauta, Tião Neto no baixo, Paulo Braga na bateria e os vocais femininos de Ana Jobim, Elizabeth Jobim, Maúcha Adnet, Paula Morelenbaum e Simone Caymmi. Além da canção título Passarim, composta para O tempo e o Vento, com raízes nas parlendas infantis (“Cadê o fogo, a água apagou/ E cadê a água, o boi bebeu/ Cadê o amor, o gato comeu”), o álbum traz as inéditas Borzeguim, manifesto em defesa do mato e dos índios, e Chansong, com letra original em inglês. Gravado entre novembro de 1986 e março de 1987, em dois estúdios cariocas (Polygram e Transamérica), Passarim foi mixado em abril, em Nova York, por Tom e Jaques." 


É nesse disco que Jobim e Chico Buarque cantam o tema de Anos Dourados, feito para a minissérie da Globo onde foi apresentada somente no modo instrumental e já impressionava pela beleza da melodia. 


Há outras curiosidades, como Isabella, música de Paulo Jobim e letra do próprio Paulo em parceria com Gil Goldstein. Já Fascinatin' Rhythm, um ícone do jazz, dos irmãos Ira e George Gershwin, é cantada em ritmo de samba. E Samba do Soho, música de Paulo Jobim e letra de Ronaldo Bastos, é cantada em português, mas no encarte a letra está em inglês com algumas frases em português.   


É nesse disco também que Jobim lança o grande sucesso Luiza e o longa e deliciosa Gabriela (a música). É, enfim, um disco sensacional (mais um) de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, que, infelizmente, à época que foi lançado nem vendeu muito. Mas é daqueles discos que, permanecendo no catálogo da gravadora, vai continuar vendendo para todo e sempre. 


O CD pode ser comprado por aí nos bons sites do ramo e pode ser ouvido inteirinho no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=0mHSBIPU2Ks&list=OLAK5uy_lqI5tr0mIJxAIqDNiPrnsdyh7w5rMBvCc . 

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