Por Ronaldo Faria
Permeia entre a vontade e o
desejo um mistério de valer-se solitário, etário, segregado de si mesmo, a
esmo. Como nada fosse, fossilizado entre a realidade e o amargo, na forma de um
caule que encapsulou para nunca ser.
Semeia no fundo de um canto
escondido, entre o peito e o coração, numa oração inconstante e vadia, a
semente de um amor nunca acabado, encostado e tardio a esperar, quem sabe, a
ilusória razão de crer-se num fátuo crer.
Vagueia soturno e solitário um
errante senhor que perdeu o rumo e o sumo, que brota num chão seco. Que rega de
versos e prosas as rosas que teimam em solapar de cores e odores o amanhecer
cheio de ínfimas nuvens segregadas.
Anseia uma incrédula vaidade
que sobrevive só por maldade de saber-se. Que é profícua e fica única e volátil
a vadiar entre canções e unções. Quem sabe um amor maior, desse que pensa ser
único e fugaz, uma linha tênue e tenaz.
Tudo a permear, semear, vagar,
ansiar e crer no solstício que nunca se fará. Como brinquedo sem enredo,
solidão sem medo, frevo somado de liberdade e degredo. No imbróglio de ser, o
poeta descobre-se emir da solidão em si.