Por Ronaldo Faria
A última dança é um ultimato ao mato que o jardim se fará. Traz consigo um consignado entre a dor e o amor. Dissabor, quiçá. Como um embuste que o sentimento apraz, aprisiona alma, desejo e tanto mais. Transmuta imaginários cantares, se encanta de saudades, foge da realidade que não há. Afinal, somos apenas pretéritos mais do que imperfeitos de um futuro que já passou. Logo, nos deem penas para um voo imaginário. Ícaro haverá de nos trazer aos píncaros que destruirão asas, mas nos farão voar mesmo sob chuvas mil.
A última dança é aquela que
entorpece, transcende, cria milhares de vozes, versos, versículos, homúnculos, poemas
que vêm de um além que se saberá sequer. Brinquemos, pois, de videntes, mesmo
sem dentes. Que os deméritos sejam alcoólicos, reminiscências de Bossa Nova,
sinapses que ainda se ligam, ligações em diásporas e prosas. Assim, num crepúsculo
malfadado, possamos postar prenúncios daquilo que não se basta, presunções de
passos mal dados e maledicências que não surpreende quem sabe sequer pensar.