quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Torquato Neto de “novo”

Por Ronaldo Faria


“Que nova Tropicália ainda teremos de viver para sermos um Brasil?” Gumercindo pergunta a si mesmo sem resposta. Afinal, a posta de peixe com leite de coco transborda na borda de um prato branco mequetrefe pedindo para cair na mesa e frustrar os tantos cifrões pagos por ele. Mas, devagar, Gumercindo arruma com a faca o excesso de iguaria e ri como fosse marajá de qualquer país onde há de tudo, menos a prevista vida.

A reler Torquato Neto, meio bêbado e outro tanto feito feto, num gesto de afeto que pouco na vida viu, ele tenta ter coragem como Nara Leão cantou. Sabe que a vida, sem dentes e demente, não lhe dará muito. Mas, com a velocidade já pregada pela Semana de Arte Moderna em voga, pouco sobra ou sobrará. No imaginário de uma louvação, quem sabe talvez a altivez do louco que espera o muro do manicômio pular.

Avoé, Torquato, que esteja onde estiver a cheirar gases e fases, possa encontrar um universo por aí. Daqui, nesse mundinho cada vez mais mundinho, vamos a sobrevier, sobremaneira, no fundo limítrofe que há entre o global de algoritmos e o quase extinto jornal. Nos teclados que vociferam tempos e têmporas, falências mil. No balde que descansa na área de serviço, um submisso pano arrebata desejos e ensejos da mulher em lírios.

Zé Geraldo

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