Por Ronaldo Faria
No abstrato do trato que a
solidão dá, o subterfúgio fugidio que a dor dormente deixa a cada dia separado,
a cada dia não vivido junto, a cada semântica abstrata que tricoteia na teia da
rainha tresloucada para devorar o inseto absorto de ter deixado de voar, a
incerta certeza de um vociferar quem ninguém ouvirá. Para logo mais, no afã que
se enchafurda até a bunda abundar na voracidade de si mesma, a falta de dentes
transborda na borda do sorriso que deixa de se mostrar. Cármino, que nada tem
de estrangeiro (seu pai achou que era caminho em alguma língua e registrou ligeiro
na esperança de uma espera de doido), estava mais uma vez largado no afável
espaço trafegável que a avenida cheia de escapamentos deixava. Seu pensamento,
que surgia como sândalo num cão sarnento e largado, antevia o derradeiro dia em
orgia de mulheres desnudas e nuas de sentimentos. Qualquer alento já lhe
servia.
Cármino, que uma Carmen deveria ser a ópera grandiloquente de uma operação tardia a deixar o órgão maior gangrenar, estava a inventar sua própria história, a reinventar o destino. Mas não há como ir muito longe ao alforje que o cavalo manco carrega no inferno de um inverno inexistente. Premente, a incerteza bastarda da partida se faz ouvida ao longe pelo aboiar calado que o galopante infante desperdiça de estar ao lado da amante, aquela que, nem ele, é uma reticencia que a ciência da vida já fez cavalgar na areia fina de um mar e amar nas madrugadas tragadas de alegrias que as alergias vazias nem sabem existir. No premir do futuro, o furo que há entre o mundo e a espera. Quem sabe a vida não se fará numa maternidade distante, na verdade parteiros casuais que nem sabem o que são amores feitos numa quinzena de cidades e dias em fervor. Assim esperemos entre ensimesmada saudade e a querência que só amor sabe escrever e descrever em linhas desalinhadas no seu torpor.
Cármino, que uma Carmen deveria ser a ópera grandiloquente de uma operação tardia a deixar o órgão maior gangrenar, estava a inventar sua própria história, a reinventar o destino. Mas não há como ir muito longe ao alforje que o cavalo manco carrega no inferno de um inverno inexistente. Premente, a incerteza bastarda da partida se faz ouvida ao longe pelo aboiar calado que o galopante infante desperdiça de estar ao lado da amante, aquela que, nem ele, é uma reticencia que a ciência da vida já fez cavalgar na areia fina de um mar e amar nas madrugadas tragadas de alegrias que as alergias vazias nem sabem existir. No premir do futuro, o furo que há entre o mundo e a espera. Quem sabe a vida não se fará numa maternidade distante, na verdade parteiros casuais que nem sabem o que são amores feitos numa quinzena de cidades e dias em fervor. Assim esperemos entre ensimesmada saudade e a querência que só amor sabe escrever e descrever em linhas desalinhadas no seu torpor.