terça-feira, 26 de setembro de 2023

À Júlia Vargas

 Por Ronaldo Faria


 

A técnica de algo gelado para soluço é a solução definitiva, ao menos para o poeta que subscreve a receita afeita ao que tiver de ser.

 Júlia Vargas na tela delineia a visão entre a sanidade e a realidade. Entre as duas antagônicas, fico com a insanidade. Esteja ela onde estiver.

No alpendre do passado, ensimesmado, o menino vê a primavera que ainda vai chegar. Abelha uma ou outra, africana, sobrevoa o lugar. Um mandacaru soçobra na terra seca e calcinada pelo sol inclemente. O carro de boi, que só existe na semente demente de todo o dia, faz um barulho quem nem o arrulho da pomba deixa esquecer. Uma arara sem coito sobrevoa o céu sem nuvem sequer. No quarto único da casa de pau a pique, o casal se acasala nos buracos que se abrem à nova vida que chegará logo nove meses depois. Será o décimo chegar. Não muito longe, naquilo que a vista cansada ainda vê, um touro cobre a vaca quieta sob os galhos secos da árvore que espera uma chuva para reviver. Será, se tudo certo der, a quarta cria do lugar.

A cerveja preta ilumina novos neurônios. Depois, o que restará? Uma vastidão sem sinônimos, antônimos ou seja lá o que isso repensar. Na antevisão que a parcimônia da loucura dá, as notas se sobressaem. No centro do presente, a ausente de pelos e latidos surdos e sórdidos gemidos. Ganidos nunca vistos, vistosas roupas que mostram os joelhos. Trejeitos e abraços, amassos esquecidos e gemidos roucos. Loucos? Acenda o próximo. Nele, talvez, virá a mansidão.

Zé Geraldo

 Por Ronaldo Faria A viola viola o sonho do sonhador como se fosse certo invadir os dias da dádiva que devia alegria para a orgia primeira...