segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Uma jam session de peso

Por Edmilson Siqueira

Imagine reunir, em 1955, no mesmo palco os trompetes de Dizzy Gillespie e Roy Eldridge; o trombone de Bill Harris; o sax tenor de Flip Phillips; a guitarra de Herb Ellis; o contrabaixo de Ray Brown; a bateria de Louis Bellson e, como se tudo isso não bastasse, o piano de Oscar Peterson. 


Bem, isso aconteceu em Estocolmo, na Suécia, e fez parte de um projeto chamado "Jazz At The Philarmonic". E, claro, foi gravado, virou disco e, em 1990, virou CD. É esse CD que eu tenho. O projeto JATP começou em 1944 e só terminou em 1985. Há muitos discos gravados nos palcos por onde o projeto andou. Esse de Estocolmo é um deles, e aconteceu no dia 2 de fevereiro. O frio que devia estar lá fora parece que ajudou a esquentar o clima no placo e na plateia. A jam session arrancou vários aplausos no fim dos solos e pelo que se ouve da performance dos músicos, o título dado ao disco - The Exciting Battle - vem a calhar. 


São apenas quatro faixas, mas que somam 50 minutos e 29 segundos. Logo de cara, "Little Davis", com mais de quinze minutos, é uma criação coletiva de Gillespie, Eldridge, Philips, Peterson, Brown, Ellis e Bellison. Só o trombonista Bill Harris não participa dos créditos. Trata-se, praticamente, de uma apresentação do grupo todo, com muito swing para exibir a performance de cada um. 

A seguir, surge um "Drum Solo Medley", com um apequena introdução do trompete de Gillespie e 9 minutos da bateria de Louis Bellson. 


A terceira faixa é também um "medley" só que de baladas. "The Man I Love" (dos irmãos Gershwin); "I'll Never Be The Same" (Malneck, Kahn e Signoreli) e "Sky Lark "(Carmichael e Mercer).  


Por fim, com quase 15 minutos de duração, "Birks", outra criação coletiva de Gillespie, Eldridge, Philips, Peterson, Brown, Ellis e Bellison. 


Para se ter uma ideia mais precisa da empreitada do Jazz AT The Philarmonic, Bene Green escreve no encarte: "Em 1955, quando "Jazz At The Philarmonic" chegou a Estocolmo, suas convenções haviam sido estabelecidas, seus preceitos estabelecidos e sua fama mundial. Talvez a característica mais notável, e também a mais louvável, dos grupos que aparecem sob a bandeira do JATP seja sua natureza heterogênea. Deve-se lembrar que, em 1955, a estúpida guerra interna no jazz entre o antigo e o moderno ainda não havia diminuído completamente, e que lançar, digamos, Roy Eldridge e Dizzy Gillespie para a mesma plateia exigia uma pitada de coragem moral. Em alguns casos, muitos idiotas consideravam músicos como Coleman Hawkins antiquados." 


O disco é uma delícia para quem aprecia jazz como eu. São artistas que se tornariam lendas nos anos seguintes e já demonstravam que mereciam a consagração. Não encontrei o CD à venda.O que tenho é importado. Há alguns sites que oferecem o LP. Dá pra ouvir na íntegra no Spotfy - https://open.spotify.com/album/0HYkozKTDgRhOsbNnJT22D . 

Zé Geraldo

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