segunda-feira, 31 de julho de 2023

Na noite da música, em Amazon

 


Um batuque batuca e cutuca a cutícula que avilta a cena entre o noturno e o velho soturno que tenta dormir para fugir da vida que foi além daquilo que ele sonhava ou ansiava. Pares parecem permear a prosaica sensação entre o ser e estar. Em meio ao canavial, a eterna dúvida entre o bem e mal. Afinal, há diferença ente o racional e o animal?

 

A escola descia a avenida premida entre o tempo e o vento que vinha do sudoeste. Em presto, o diretor de harmonia harmonizava o furor dos passistas ao pouco tempo para romper a película que passava na televisão. Na visão do casal que dormia no sofá, o sofisma maior era apagar na cama ou tomar outro café. No aparelho 4K o narrador pregava: “Unidos da Manjedoura, vai na fé!”

Na epistola de Paulo (se é que é que ela exista), deve haver algo sobre o gingado da preta a bailar. Seu corpo, em torpor sensual, vaticina algo que possa existir entre ser mulher ou menina. Se nada houver (pensará seu amado na arquibancada), bastará ser muita sopa para pouca colher. Talvez um pouco mais de asfalto, um tanto mais de luzes de neon, quiçá uma ladeira de Olinda a subir.

Nos instrumentos que vertem sobre os excrementos que cada dia nos dá, existe um vórtice que vaticina a felicidade de um domingo à tarde, como a vida fosse brinquedo de contratempo que ainda temos de ver vazar. Nas velas que correm a brisa do mar, a cor que cora o rosto da primeira amada a ver as mãos do amado tocar seus mamilos róseos e incautos, abertos ao primeiro gozo que surge e urge.

Na noite dominical poucos conseguem sobreviver ao manto branco de vestir logo mais. Mas o que fazer se é só no silêncio da noite que se consegue sobreviver a essa mentira apocalíptica que se é viver? Quisera a poesia surgisse com os primeiros raios de sol, mas como soltar as emoções se nem as micções diárias se fizeram provar? O frigir dos ovos do Sol são a escuridão que ilumina a poesia e a solidão.

Zé Geraldo

 Por Ronaldo Faria A viola viola o sonho do sonhador como se fosse certo invadir os dias da dádiva que devia alegria para a orgia primeira...