Por Ronaldo Faria
(Renato Russo)
Amigos. É isso que fica da vida (essa
coisa rápida e desmedida na sua inconstante guarida de um corpo em profilática
passagem na Terra). Amigos de copo, de papos, de risadas e lágrimas guardadas
ou soltas, ilibadas na vazia e ritmada saudade do nada.
Amigos. É isso que se espalha feito
tralha na cortina de névoas que se põe interposta entre um sim e um não. Amigos
de cópulas nos olhares para as mulheres que passam diante da mesa, nas viagens
lisérgicas de decibéis alcoólicos, nas imaturas clausuras dos loucos varridos
para debaixo do tapete da realidade.
Amigos. É isso que corre e decorre, discorre, de
mesa em mesa e de bar
Amigos. Fugidios irmãos descobertos
pela vida e lançados dramaturgos e imaturos em cada vazio que existe entre a
carícia e a mão. Lenientes em acasos e prevenidos em desfazer prolixas frases
balbuciadas em repetidas besteiras graduadas em centilitros de líquidos difusos
e confusos. Amigos de apoiar os lipídios e glicídios que vertem nos banheiros
mais sujos das esquinas e chamar um táxi para cada dobrada de pernas ou
espermas.
Amigos. Substratos da polivalência chamada estar junto e longe ao mesmo tempo, no extemporâneo contrato que se assina apenas pelo olhar. Beligerantes em tortas estradas que não levam a nenhum lugar e unidos heróis na desmesurada verdade de se bastar esteja no canto ou no centro, no limite ou na vazão entre o rio da saudade ou o mar da verdade. Enfim, coisa de sentir sem saber descrever ou crer. Paráfrase que apenas de madrugada se faz ou refaz. E haja fisionomia, isonomia e/ou profilaxia para tanta dor. E haja amigos para nos tirar, em vida, do torpor. A todos, o meu louvor...
“O Sol nasce para todos, só não sabe quem não quer”.
“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”