Por Ronaldo Faria
Em fotos gravadas e cravadas
no coração, fatídicas realidades do tempo, vemos o quanto estamos velhos. Quer
queiramos ou não, o tempo, como disse o poeta do Baixo Leblon um dia, não para.
Mas, agora, a ouvir Vinicius de Moraes, aquele que me lançou nessa vida de
tentar escrever, redescubro que ainda não é o fim. Talvez interregno, quiçá um
menino.
O quanto ainda pudermos
sonhar, relembrar e nos embriagar, o façamos. Possamos ainda fazê-lo. Afinal,
entre erros de português e alvissareiras mensagens do além, saibamos antever o
fim que se interpõe no pouco ser. Mas, onde anda você? Saber-se-á. E quem irá
querer saber? À saudade terna e fraterna, a irrealidade de adorar algo que ainda
virá?
Se Vinicius vivo estivesse se perguntaria:
“Morrer de gordice ou cirrose:?” Que a segunda opção esteja certa além da
conta. Que no sangue da clínica de reabilitação do Poeta e Grande Otelo haja
sangue no álcool. Afinal, para nós, meros mortais, o que poderemos fazer ou
revisar as mentiras que a poesia tenta nos impor e fazer verdade na mentira
maior?