Por Edmilson Siqueira
Dia desses vi um post no Facebook, colocado pelo velho amigo Newtinho, de uma das músicas do DVD que o Grupo Bons Tempos gravou com o show em homenagem a Ari Barroso. Newtinho era o violão do grupo e fazia parte dos vocais. O DVD foi gravado no Teatro do Centro de Convivência Cultural de Campinas, em agosto de 2005, e eu estava na plateia (até apareço num passeio da câmera), ouvindo emocionado e aplaudindo o espetáculo que o grupo campineiro produziu tão bem sobre um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos.
O Bons Tempos tinha Alfeu Júlio, Caio Piccolo, Chiquinho do Pandeiro e Elder, além do já citado Newtinho Gmurczyk. Marcaram época em Campinas e, com esse show, foram conhecidos em todo o Brasil.
A parte musical foi muito bem cuidada, como era de se esperar de um grupo do nível do Bons Tempos. A direção foi entregue a Ricardo Matsuda. Goio Lima tocou saxofones e flauta transversal. Guilherme Ribeiro, piano e acordeom. O trombone ficou com Lucimar Perez. Pepe D'Elia foi o baterista. Rubinho Antunes se incumbiu do trompete e do fluguelhorn. E Matsuda ainda ficou com contrabaixo. O espetáculo teatral tinha ainda cenários grandiosos e um ator, Fábio Sampaio, representando Ari Barroso, passeando pelo palco como se estivesse conferindo a música da moçada.
Segundo um texto assinado pelo grupo, na contracapa do CD, "...A gravação deste CD é a concretização de uma longa história de amor entre o Grupo Bons Tempos, Sérgio Cabral e a rica obra de Ari Barroso".
A escolha do repertório foi difícil e fácil ao mesmo tempo. Difícil porque Ari tem muitas músicas que podem ser consideradas obras primas, mais do que caberiam num show ou num CD. E fácil porque qualquer música que se escolhesse seria muito bonita, sempre.
Outro clássico, "Na Baixa do Sapateiro" vem a seguir. Declaração de amor (uma delas) que Ari faz à Bahia que o deslumbrou quando a conheceu e a ela dedicou muitas músicas. "Faixa de Cetim" acompanha esse deslumbramento, aqui mais ainda escancarado, porém sem perder a qualidade.
"Terra Seca", uma espécie de samba-afro, denunciando os horrores da escravidão, fez muito sucesso à época. As duas faixas seguintes, dois grandes sucessos de Ari, "Pra Machucar Seu Coração" e "Morena Boca de Ouro", serviram para revelar mais ainda a qualidade dos músicos que acompanharam o grupo no show, pois são apenas instrumentais.
O grupo volta na sétima faixa, uma parceria de Ari e Luís Peixoto: "Por Causa Dessa Cabocla", um solo vocal de Caco Piccoli, o "crooner" do grupo. "Folha Morta", um samba-canção que será ouvido ainda por alguns séculos, tal sua qualidade, mostra a excelente afinação do grupo, num ótimo arranjo vocal.
Não encontrei o CD nem o DVD à venda nos bons sites do ramo, mas dá pra assistir a vários trechos do espetáculo no YouTube.