sexta-feira, 26 de agosto de 2022

A bossa dos Stones

Por Edmilson Siqueira 

 O rock dos Stones, quem diria, virou bossa-nova e electro-lounge ou qualquer coisa parecida, entre as centenas de nomenclaturas que hoje permeiam a música em todo o mundo. Como sou do tempo do rock, do samba, do baião, do tango essas coisas meio antigas - o negócio agora é acid, heavy, hard, disco, rap, hip hop, o que não é bom nem ruim, vai depender sempre da qualidade musical da obra – estranhei um pouco ao ver música que curti adoidado como autêntico exemplar da mais pura rebeldia dos anos 60, cantadas num sussurro, acompanhadas de alguns sons elétricos, de uma bateria tímida e de um violão imitando João Gilberto.  


Essa introdução toda aconteceu em 2006, quando escrevi sobre os CDs "Bossa N' Stones - The Electro-Bossa Songbook Of The Rolling Stones Volumes 1 & 2". Era, são na verdade, a versão bossanovista dos maiores sucessos do grupo inglês, bem arranjados e bem cantados, se bem que suavemente, ao contrário do que costuma fazer Mick Jagger e sua turminha.  


E, claro, ficou bem. O pessoal que resolveu “domesticar” a música dos Stones - que era rebelde, sim, mas hoje soa como totalmente inserida no contexto, pra usar uma expressão consagrada pelo Pasquim, jornal famoso no Brasil nos anos 1960-70 - é competente.  

A única falha do CD é que não tem uma ficha técnica adequada. À época, pesquisei no Google, mas acabei encontrando pouca coisa. Hoje também é difícil achar referências, mas os dois CDs estão à disposição no YouTube (endereço abaixo).  


A melhor referência que encontrei estava em inglês, num site chamado Antartica: “Once again, a number of musicians from different latitudes have joined forces to bring a different perspective and have created a must-have album for all who enjoy really great music”. (De novo, músicos de diferentes latitudes juntaram forças para mostrar uma perspectiva diferente e criar um disco obrigatório para todos que realmente apreciam a boa música). No caso, o comentário é do segundo disco da série, por isso o "once again", mas vale também para o primeiro. 


 Os músicos de “latitudes diferentes” parecem comportar alguns brasileiros. Há, pelo menos, nomes como Banda do Sul, Astrud C., São Vicente, Corcovado Freqüency, Groove da Praia que soam como nossos.  

A escolha das músicas atravessa boa parte do que de melhor os Stones fizeram ao longa dessas intermináveis décadas de LPs e shows. Hoje só há três dos mais antigos (dois originais - Jagger e Richard) e um que chegou um pouco depois (Ron Wood).  

São 24 músicas, 12 em cada CD, desde "Fool To Cry" até "You Can't Always Get What You Want", passando por "Let's Spend The Night Together", "Ruby Tuesday", Jump Jack Flash", "Paint It Black", "It's Only Rock'N Roll" e muitas outras.  


Os CDs ainda estão à venda nos bons sites do ramo e podem ser ouvidos no YouTube nesse endereço: https://www.youtube.com/watch?v=Q6N9-2f1xYQ (volume 1) e nesse: https://www.youtube.com/watch?v=DBar49TCsCM&t=604s (volume 2). 

Zé Geraldo

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