sábado, 9 de abril de 2022

Djavaneando outra vez

Por Ronaldo Faria

E quando te perguntam porque ainda viver? Há respostas sábias, sabiás a cantarolarem palmeiras e poetas do passado a fervilharem poeiras, quiçá, como diria o profeta, rajadas inócuas de vento ou ira de tubarão.

Por isso não te perguntam mais coisas sem nexo. Não haverá um açaí sequer que tenha o gosto do teu corpo, o limiar dos teus beijos, o toque e o sorriso procrastinados a virarem poesia numa madrugada inerte sem madrigais.

No mais longínquo cordão encarnado, um pedaço de pêndulos coloridos que fazem perdurar o choro de profanas unções que nem o mais desbragado e louco bêbado farão existir numa história histriônica por ser ou ter. 

Por isso, “valei-me Deus”. Afinal, essa moça, pela sua graça, não há de fazer feliz. Só não a quero vê-la infeliz. Estradas descompensadas e distantes em décadas e caminhos, apenas são a margarida que, bisonha, não nasceu.

De um lado, a mais linda flor que alguém possa ter plantado ou suscitado um dia plantar. O que de mais lindo há ou haverá. Do outro, um descompensado ser, que segue suas esquinas sem saber sequer o que é chegar ou voltar.

Por isso, a Djavanear, numa alma mais perdida no cheiro da noite que se apregoa infinda à madrugada, vai-se a teclar (no tempo que era datilografar) para ver se, ao findar do limiar, nos descubramos outra vez a vida amar.


Zé Geraldo

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