sexta-feira, 4 de março de 2022

Se gênio há, coloquem Totonho lá

Por Ronaldo Faria

Antonio Villeroy tinha tudo para ser advogado. Afinal, esse gaúcho de São Gabriel é filho de dois causídicos e tem um irmão na mesma profissão. Entretanto, ele e outro irmão – Gastão – decidiram seguir os caminhos das notas, letras e acordes. Ainda bem. Advogados nós já temos muitos, mas doutores dos sons, com a qualidade dele, estamos sempre a precisar. Ele já tem dez CDs. Aqui vou me ater ao Sinal dos Tempos, que foi gravado ao vivo em 5 e 6 de abril de 2005 com a participação da Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro (SP) e que teve participações de João Donato, Ana Carolina e Daniela Procópio. Esse show virou também DVD (ele tem quatro DVDs no mercado) e já deixo aqui o endereço para assistir: https://www.youtube.com/watch?v=a5ax0YtRHUc. Já o CD está disponível no Deezer, Spotify, YouTube Music e Amazon Music. O trabalho é imperdível para quem ama a música de qualidade.

Antes de falar do Sinal dos Tempos em si, vou dar alguns números sobre Antonio Villeroy. Seus parceiros de composições são do Brasil (21), Camarões (1), Colômbia (3), Cuba (2), Estados Unidos (11), Espanha (2), França (1), Itália (2), República Popular do Congo (1), Senegal (1) e Venezuela (2). Entre os brasileiros estão artistas como Ana Carolina, Elisa Lucinda, Ivan Lins, João Donato, Jorge Mautner, Jorge Vercillo e Seu Jorge. Ao todo, 125 artistas e bandas, nacionais e do exterior, já gravaram músicas dele. Gente como Belchior, Benna Lobo, Dora Vergueiro, Ednardo, Gal Costa, Ivan Lins, Luciana Mello, Luiza Possi, Maria Bethânia, Marcelo Onofre, Maria Gadú, Paula Lima, Preta Gil, Renato Borghetti, Toninho Horta e Zizi Possi, além dos seus parceiros antes citados. Já fez músicas para filmes (9), novelas (18), teatro (9) e espetáculos de dança (3). Indicações e premiações aqui e fora são incontáveis. Enfim, Antonio Villeroy, o Totonho, é alguém muito além do normal no patamar da MPB. Na verdade, ele é de outro universo sonoro e real. 

Em Sinal dos Tempos temos 18 músicas. São elas: É Onde o Seu Lugar, Sinal dos Tempos, Amores Possíveis, Pra Rua Me Levar, Etnicpunklingua, Siamo Così (com Daniela Procópio), Ela Não Sabe Dizer Adeus, São Sebastião, A Paz e Música no Gravador (com João Donato), Um Dia Pra Vadiar, Garganta, Cafetín de Buenos Aires, Una Loca Tempestad, Da Laia Do Lama e Que Se Danem os Nós (com Ana Carolina), Majestade e Quero Pegar. À exceção de A Paz (João Donato e Gilberto Gil) e Cafetín de Buenos Aires (Enrique S. Discépolo e Mariano Mores), todas as outras músicas são composições próprias ou em parceria.

E é difícil dizer qual a mais incrível, simplesmente por que não há como classificar assim. Todas são incríveis. O disco inteiro, lançado em 2006, é um daqueles que eu nunca enjoei de ouvir. E olha que consumia CDs (quando eles eram vendidos) numa profusão absurda, além de capturar milhares em MP3. Muitos (a maioria) ouvi uma vez, outros tantos vários e centenas sequer ouvi e poucos voltam a rodar no laser dezenas de vezes. Sinal dos Tempos é um desses. Afinal, é um universo de notas e acordes, letras e harmonias que já valeram muitos textos meus madrugadas a fora. Sem dúvida, são minutos ganhos para os ouvidos e emoções. Não os deixe passar.

Duas coisas: o texto no Wikipédia sobre o Totonho é muito bom e mostra a sua grandeza musical em detalhes e há uma música preferida em Sinal dos Tempos – Amores Possíveis.

Zé Geraldo

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