Por Ronaldo Faria
Balada quase acamada, dessas que a cama sai a rodar de um canto a outro do quarto. Coisa de passado na passagem que existe entre esquecer e ser. Revivida saudade em que o tempo para de passear. Cancioneiro descoberto entre lençóis e cobertas. Beijos calcinados no calor da paixão, invasão de métricas tétricas e rimas sem saber, a ver. Coisa de malfadadas poesias que parecem azias de fim de madrugada. Versos como amplexos. Corpos entrecortando sexos.
Balada dispersa daqui até a
Pérsia. Ultimato que vai da pele ao olfato. Besteiras recortadas por golfadas
vazias entre a língua e a cisma. Coisa de se lamber, suar, sentir, reter,
largar, lembrar, reter. Se possível, um dia esquecer. Senão, querer apenas não
ser. No céu, uma lua que se desmancha de esmiuçar um brilhar derradeiro do fim.
Cadenciado, o coração reverbera pétalas de rosas e gérberas. Planaltos e
planícies estão logo ali, no derradeiro e brejeiro fim.
Balada cravada no renascer da
sempre desigual sina. Logo ali, defronte, uma esquina. Um canto cansado e
finito, bebidas sobre a mesa onde um pé parece menor do que os outros três. Cambaleante,
na toalha perdida entre tantos ou outros poemas nunca feitos ou descritos, o
poeta profetiza ser comível na verdade um prato de canções infindas. Ao fim de tudo, no
curvilíneo abstrato crer, um pouco ou nenhum gemer. Entre quase nada e pouco,
só resta viver.