sábado, 16 de julho de 2022

Bossa Nova

 Por Ronaldo Faria

Bossa Nova envolta de passado e perdão, medo e promissão. Um prédio gigante e pequeno perdido num meio de esquina e senão. Prepare o violão que vem aí a canção.

Virão também jogos de botões, cobertas de tacos a esconder em cavernas o medo defronte, caminhadas até o egrégio colégio sem cortinas e suas bandeiras a subir e descer.

De certa feita, afônicos, chegarão amigos depois de chuvas que irão transbordar ruas e becos, cantões secos de tanto esperar. Uma ou outra bomba explodirá andar abaixo.

Na banheira de recordes sem respirar, papéis higiênicos colocarão fogo no vão e respiro. Um restante de suspiro vaticinará o cheiro de creolina que empesteia e sublima o ar.

Na rua, litros de leite descansam em cada portaria, Cara de Cavalo foge entre telhados e muros, uma lotação para em retidão. Uma ou outra pipa voa os céus para o além e senão.

Perto, senhor de si e com apelido de rato italiano, um escoteiro jura lealdade ao mundo. No fundo infindo da infinita finitude tardia, a repetição de saudades em meio a vaga orgia.

Ao telefone de fio, na insensatez do amor, horas se perdem para um futuro perder absoluto. Nada mais se saberá no vazio bem-querer: nem risos rasos, nem perdas, nem soluços.

Na pizzaria cercada de gatos pardos e velas que brilham entre fumaças de cigarros e goles de gim, casais decidem esquecer que até o amanhã vindouro não há muito mais a se querer.

No quarto que dá para o mar, poesias arvoram em nascer. Sabe-se lá de onde, irão serpentear ruas e rotas, bêbados e amantes, quadriláteros que de tão perto se farão mais distantes.

Então, quem sabe, a fuga far-se-á o único destino à eternidade. E noites de pesadelos, amores em desmazelos, mil expressões que dobram cabos de nenhuma esperança a naufragar.

Ao som da Bossa Nova, vem o Rio, chega a Zona Sul, as águas sempre gélidas e claras, um iluminar crescente de cores e faróis. Daqui o poeta espera ainda o derradeiro dos sóis.

Zé Geraldo

 Por Ronaldo Faria A viola viola o sonho do sonhador como se fosse certo invadir os dias da dádiva que devia alegria para a orgia primeira...