Por Ronaldo Faria
Bossa Nova envolta de passado e perdão, medo e promissão. Um prédio gigante e pequeno perdido num meio de esquina e senão. Prepare o violão que vem aí a canção.
Virão também jogos de botões,
cobertas de tacos a esconder em cavernas o medo defronte, caminhadas até o
egrégio colégio sem cortinas e suas bandeiras a subir e descer.
De certa feita, afônicos,
chegarão amigos depois de chuvas que irão transbordar ruas e becos, cantões
secos de tanto esperar. Uma ou outra bomba explodirá andar abaixo.
Na banheira de recordes sem
respirar, papéis higiênicos colocarão fogo no vão e respiro. Um restante de
suspiro vaticinará o cheiro de creolina que empesteia e sublima o ar.
Na rua, litros de leite
descansam em cada portaria, Cara de Cavalo foge entre telhados e muros, uma
lotação para em retidão. Uma ou outra pipa voa os céus para o além e senão.
Perto, senhor de si e com
apelido de rato italiano, um escoteiro jura lealdade ao mundo. No fundo infindo
da infinita finitude tardia, a repetição de saudades em meio a vaga orgia.
Ao telefone de fio, na
insensatez do amor, horas se perdem para um futuro perder absoluto. Nada mais
se saberá no vazio bem-querer: nem risos rasos, nem perdas, nem soluços.
Na pizzaria cercada de gatos
pardos e velas que brilham entre fumaças de cigarros e goles de gim, casais
decidem esquecer que até o amanhã vindouro não há muito mais a se querer.
No quarto que dá para o mar,
poesias arvoram em nascer. Sabe-se lá de onde, irão serpentear ruas e rotas,
bêbados e amantes, quadriláteros que de tão perto se farão mais distantes.
Então, quem sabe, a fuga
far-se-á o único destino à eternidade. E noites de pesadelos, amores em
desmazelos, mil expressões que dobram cabos de nenhuma esperança a naufragar.
Ao som da Bossa Nova, vem o Rio, chega a Zona Sul, as águas sempre gélidas e claras, um iluminar crescente de cores e faróis. Daqui o poeta espera ainda o derradeiro dos sóis.