sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Zé da Velha e Silvério Pontes: perfeitos

Por Edmilson Siqueira 

Na contracapa, uma apresentação dos dois músicos autores desse disco, mostra bem o que se ouvirá quando a música começa: um trabalho da melhor qualidade que mistura as raízes da música popular brasileira com a qualidade de dois instrumentistas que, sozinhos, já seriam antológicos. Juntos, formam uma espécie de parceria perfeita.  

Zé da Velha e Silvério Pontes têm vários discos gravados, mas vamos falar aqui de um só, cujo título é "Ele e Eu", o que já diz muito sobre a afinidade de ambos.  


Mas, diz o encarte: "A nossa grande afinidade musical resulta num trabalho novo, com uma sonoridade contemporânea, sempre em busca de novos caminhos. Alegre e vibrante, nossa música é boa para ouvir e boa pra dançar. Não vamos deitar na sombra do boi. Queremos estar sempre renovando nosso trabalho, sem fugir às origens." (Zé da Velha) 


"É um casamento perfeito. Um olha para o outro e a música sai, espontânea. A cada vez que ticamos uma melodia, ela sai diferente." (Silvério Pontes) 


Por aí já se vê que se trata de coisa fina. Zé da Velha é simplesmente o mais conceituado trombonista de choro em atividade, tocou com grandes mestres como Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Jacó do Bandolim, Valdir Azevedo, copinha, Abel Ferreira, Joel do Nascimento e Paulo Moura. Já Silvério Pontes, mais novo, é filho de trompetista, começou cedo a careira e tocou com Luis Melodia, Tim Maia, Ed Mota, Elza Soares e Cidade Negra.  

Ambos se encontraram no choro, mas não apenas nele e não apenas em sua forma mais tradicional. A sonoridade contemporânea realça a beleza das melodias. Nesse disco, foram convidados grandes nomes como Francis Hime, Luiz Alves, Humberto Araújo, Fabiano, Elder Jacaré, Ronaldo do Bandolim e Josias.   


O repertório é recheado de choros e sambas clássicos da nossa MPB. São 13 faixas que começam com "Flamengo" de Bonfiglio de Oliveira e segue com "Ela e Eu", de Pixinguinha e Benedito Lacerda; "Voltei ao Meu Lugar" de Ivan Paulo da Silva; "Pecado Capital", de Paulinho da Viola; "A César o que É de César", de Bonfiglio de Oliveira; "Cordas de Aço", de Cartola;  "O Trombonista Romântico", de Carlos Lima do Espírito Santo; "Falsa Bahiana", de Geraldo Pereira; "Degraus da Vida", de Nelson Cavaquinho, Antonio Braga e César Brasil; "Sem Compromisso", de Geraldo Pereira e Nelson Triqueiro; "Cheguei", de Pixinguinha e Benedito Lacerda e "Alvorada", de Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho.  


Uma coleção de músicas irrepreensível, que mostram não só a riqueza melódica da música brasileira como o talento de dois instrumentistas que representam, junto a um excelente time de músicos, a resistência da boa MPB que ultrapassa e supera qualquer modismo passageiro. 


O disco está à disposição no YouTube - https://www.youtube.com/watch?v=RggcHhPSBr8 - e também pode ser adquirido nos bons sites do ramo. 

Zé Geraldo

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