quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Mark Lewis e um ótimo disco de jazz

Por Edmilson Siqueira

"Eu nasci em Tacoma, Washington, em 1958.Meu avô era um saxofonista e ele me deu um sax tenor quando eu tinha dez anos. Eu ouvia jazz em casa -minha mãe tinha muitos discos de jazz e eu podia ouvir Count Basie, Lester Young e o os velhos álbuns de Jazz at Philarmonic - esses eram os meus favoritos - com Oscar Peterson, Ray Brown, Barney Kessel e muitos outros grandes músicos. Um dia, minha mãe me disse "se você gosta de Oscar Peterson, você deveria ouvir Art Tatum". Ela possuía todos os discos antigos em 78 rotações de Art Tatum. Eles eram tão frágeis que se você deixasse cair no chão ele se quebraria em mil pedaços. Eu amei Tatum e comecei a ouvir os seus 78 o tempo todo". 


Assim começa um texto de Mark Lewis escrito no encarte do CD "In The Spirit", com o Mark Lewis Quartet. É jazz de gente grande. Mark Lewis no sax alto, Mark Levine no piano, Larry Grenadier no contrabaixo e Eddie Moore ou Donald Bailey na bateria. O disco foi gravado na Califórnia entre outubro e novembro de 1987. O CD que tenho é importado e não sei se foi lançado no Brasil. Encontrei algumas faixas no YouTube, mas ele está à venda na Amazon, por quase 80 dólares.

O disco começa com nada menos que "Wave", do nosso Tom Jobim e, por mais de sete minutos e meio, o quarteto passeia inspirado na bela melodia brasileira, criando novos momentos baseados sempre naquelas harmonias jobinianas e na batida leve e suave da bossa nova.  


"Don't Cry Janneke", do próprio Lewis, já envereda pelo jazz mais sóbrio, sem deixar de ser simples, como o próprio autor quer que seja sua música. O resultado é um som forte, preciso e melodioso. 

A terceira faixa é "Softly, As In A  Morning Sunrise", de Romberge Hemmerstein, outro jazz rápido onde o sax de Lewis domina a cena.   


A faixa a seguinte, também de Lewis, é a que dá nome ao disco, "In The Spirit". Fugindo um pouco da melodia mais lenta, Lewis coloca um bom swing na composição. 


Outra música de Lewis vem a seguir, "Amy", embalada num blues moderno, onde o som do sax ganha tons mais graves, secundado por um contrabaixo de peso. Uma das melhores do disco. 


"Lonnie Knows", também de Lewis, tem pretensões melódicas mais complicadas, mas o autor se sai bem, simplificando o que, no início, parece difícil.  


Fechando o disco, a sétima faixa foi reservada, como a primeira, para um clássico: "In A Sentimental Mood", de Kurtz, Ellington e Mills. O quarteto, como em "Wave, dá conta do recado tranquilamente, dando um balanço especial ao megassucesso da orquestra de Duke Ellington. 


Trata-se de um disco muito gostoso de ouvir. Pena que só encontrei duas músicas dele no Youtube. 

Zé Geraldo

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