Por Ronaldo Faria
No Luminário Perpétuo o Nordeste que me veste e traveste passados e efêmeros lamentos. Com certeza algum zumbido de abelhas africanas sobrevoará sobre mim. E me jogarei no chão outra vez e verei o enxame seguir seu rumo, saberemos aonde ele foi. E lá se vão algo próximo de 60 anos. Com cheganças e idas no mundo infindo e desterrado de si. Um esconderijo de sentenças e lendas que se misturam em pesadelos e zelos. Coisa de lembranças, cheiros, fragmentos, resquícios ínfimos e eternos, como cavalgar num rio seco que depois mata o avô querido, sons e luminosidades que só com a morte hoje ainda proscrita irão derrear.
No Luminário Perpétuo, o feto
que ficou de um tempo, mas que me dá a certeza de ser nordestino, mesmo nascido
na capital federal. Agregado à sentença primária de ter exilado num espaço
quase inóspito, respiro um rio que em janeiro se fez e uma Bahia/Sergipe que
nunca saíram de mim. Nunca sairão, impregnados na pele e na mente, sempre
ficarão. E, creiam, meu lado pernambucano flui igualmente servil. E vai e se
esvai, e volta e retorna. E quem dera uma rabeca rabisque e cisque cada pedaço
de vida que ainda possa existir além da saudade que bate todos os dias só pra
lembrar que a saudade é uma coisa infinda.