Por Ronaldo Faria
"Morrer é foda. Viver é difícil!"
(Renato Russo)
Um homem mais feliz que a felicidade.
Um garoto a brincar de bola entre uma foto e um instantâneo piscar de olhos. Um
menino contra o outro. Ambos afoitos, fetos do futuro que não cabe a nós
traduzir, ver ou medir. E quantos abraços não terão acontecido nesta disputa
louca e irreal, marcada em fotograma e química, unindo vidas que se foram e se
fundiram em risos e rezas pelo dia de amanhã. Coisa de paixão e sonho de vazio
real, feito a última gota que cai no copo translúcido como o riso da infância
sem saber o que será a vida para frente: se vai acabar de repente ou vai seguir
em rompantes do haver. É, será ou há de ser?
Um homem mais feliz que a saudade. Um
menino a driblar cárceres e sinas de fugas e fétidas celas encravadas no
simulacro de eras para milhares de feras. E quantas brincadeiras não terão se
refeito de unir e vaticinar dias melhores, cheios de torcidas e cismas
ensimesmadas de um toque a mais, um drible refeito, um gozo fértil de olhar
para o céu, ver o sol e dizer: este momento, finito, não há de morrer.
Coisa de criança, anciã na saudade que
arde e infantil no simulacro que existe entre o estar feliz e ser triste. Ou,
senão, simplesmente, ser. A ilusão vai vencer o que há de limite entre o céu e
a terra. E o gol sairá e a volúpia da embriagada jogada em verdade far-se-á.
Ela sempre há de se fazer e verter. Até a derradeira dividida do que é e
daquilo que não foi. Até o último tocar em um passado que voltou.
A água que cai tosca molha a terra e
espera o líquido da eternidade. E se a chuva é fria, molhada e louca é dela
que a vida a vida trará a perfídia. Tratante ou tátil, insone ou louca.
Ps.: Acabaram dúzias de cerveja. A verve ainda há de se comprar do arremate entre o que se vê agora e aquilo que se quer que o outro veja no porvir do virá!