terça-feira, 8 de março de 2022

Elza e Mané, vá assistir!

Por Ronaldo Faria 

Ando "preguiçoso" para escrever. Por isso hoje eu vou indicar apenas para assistirem na Globoplay os quatro episódios de Elza & Mané — Amor em linhas tortas. Vale muito e demais a pena. Juro que chorei várias vezes ao vê-lo. Algo que une música, futebol e vida. E amo os três. Parabéns à diretora do documentário, Caroline Zilberman. Um filme onde o resgate de cenas e momentos, muitos inéditos, forja uma história em que o amor, a vida cotidiana e os preconceitos de uma sociedade hipócrita dão o tom.

Vi Mané jogar sua despedida da Seleção, no Maracanã, para arrecadar dinheiro para ele. Estava entre os 155 mil torcedores, em 19 de dezembro de 1973, a assistir a vitória do escrete canarinho contra um combinado de jogadores estrangeiros no Brasil. O Jogo da Gratidão, vencido por 2 a 1 pela seleção, rendeu cerca de 1,3 milhão de cruzeiros (hoje corresponderia a R$ 7 milhões). Garrincha comprou sete apartamentos (um para cada filha), uma casa na Barra da Tijuca, um carro (Mercedes-Benz usado) e um restaurante em Vila Isabel, na zona norte carioca, que era do filho do Nelson Rodrigues (Jofre), transformado depois em casa de shows para Elza (La Boca), além de pagar dívidas. Morreu pobre, nove anos depois, vítima do alcoolismo.

Elza, já sem ele, resistiu como diva da MPB. E ela conta no documentário os perrengues que passou com o alcoolismo crônico do Mané. Como sofreu, como lutou, como resistiu e como agiu sempre para defender o seu amor. Ela, sem dúvida, foi uma guerreira, uma mulher que brigou, muitas vezes literalmente, nas crises de Garrincha violento e embriagado, para manter sua dignidade e seus princípios. Alguém que foi acusada, à época, de ter destruído o casamento do craque da seleção, mas que nada mais foi do que um anteparo na vida dele. Se não fosse Elza, certamente ele teria ele teria afundado muito mais rápido e chafurdado na lama do esquecimento. Na verdade, até o Jogo da Gratidão foi ideia de Elza para ajudá-lo. Hoje, no Dia Internacional da Mulher, que todas as mulheres possam tê-la como exemplo vivo de garra e retidão.

Zé Geraldo

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