sexta-feira, 10 de março de 2023

Na noite com Silvério Pontes

 Por Ronaldo Faria



Coisa de antigamente, quase demente, como o bêbado que mente à vida e desmente seu próprio viver. Uma retreta no coreto, uma treta a travestir de cores e odores as dores dormentes que pedem apenas para dormir. Feito amores ausentes de dois que plantam a semente de amar. Defronte, um mar que margeia o que pode ficar ou estar apenas para se fazer passar. Enfim, o fio cortado e jogado à tesoura voadora que se mexe à frente do espelho. Antes dele, alguns vários no desvario de brilhar sob os óculos maltratados pelos olhos cansados de enxergar.

Entre tantos metais num assoprar, respirar, soltar e prender o ar, dedos a correr o frio instrumento de intento, vem o cheiro do vento que rompe e irrompe à noite numa magia de lembranças e devassidão. Talvez umas pernas se abram logo ali neste instante, quem sabe uma língua se fartará de prazer a fazer em si mesma num desaguar de saudades e madrugadas nunca vividas ou chegadas. Um recital de prazeres e vendetas a vender ilusões e paixões, sermões e senões. Cantilenas para falenas que esvoaçam entre flores nunca vivas e vozes em desditas finitas, mil.

Assim, ao som do instrumento vil, feito comensal que se farta de temperos mil e sais, o silêncio se faz. Na suntuosa orgia que vagueia entre dias passados, passeios de degredados, demências de rastros perdidos, vai-se o que resta, presto, daquilo que se presta, em festa, à escuridão que é servidão do desejo de se desejar. Por fim, no reencontro do chorinho que une paisagens passageiras, como meeiras de um louco a vagar nas vagas que o oceano dá, espera-se a vida, que não tardará. Do lado de fora, a escuridão borbulha de faróis que correm na esperança de um dia poder chegar.

quarta-feira, 8 de março de 2023

Ao Rolando Boldrin

Por Ronaldo Faria

Madrugada enluarada e ponteada de raios de luz que descem do céu entre o mato seco e largado e a saia da morena que brinca de amor na pele suada. Coisa de correr pelo sertão em cavalo barbo, desses que derruba peão e relincha e pula feito demônio a vencer o dragão que se esconde em cada saudade desvairada e desvirada ao avesso do verso.

Madrugada enviesada de saudade de raios de luz e lembranças das ancas que se desnudam no rio que verte ao mar feito ilusão – visão prateada e pranteada de um sol que dorme de roncar em algum lugar. Talvez do lado debaixo da Terra, onde nada apruma para o prumo da vida, quem sabe do alto de uma serra que vê de cima tudo que se perde do chão.

Madrugada ensimesmada e calada entre goles de birita pouca e barata, ou talvez a barata que corre de esgoto em esgoto à busca de comida. Afinal, neste final de alfinetes e falsetes, tanto faz como fez ou fará o canto de uma coruja ou de um sabiá. Na esquina que desatina a dar caminhos mil ao ébrio, a história vira só memória da dor que vem de antemão.

Madrugada versejada e reticente, dessas que se envolve de verve e canção, segue teu limiar do alvorecer, deita na rede que balança entre árvores e vultos e se faça vórtice de qualquer lugar. Para o cantador pouco importa se o coração tem porta de entrada ou de saída. Basta um cantinho onde a morte se mostre poesia derradeira de uma dor que dorme doída. 


Um dia falaram para a criança que dormia que o sonho existe para se acordar e o pesadelo serve para as manhãs de sol anuviar. Daí os dias começavam e derreavam entre tropeços e atropelos, feito tropéis de cavalos enlouquecidos nas rédeas que viajam de terra em terra consumida e carcomida. De comida, um poema aqui, uma trova ali, uma troça acolá. Na sacola ou no embornal carregado nas costas queimadas pelo sol, desejos de ter um lugar para parar. Um colo para guardar seu amor, um varal para quarar sua dor, uma boca para matar a sede de ser. Assim, como louco, desses que corre de cidade em cidade a crer que é possível vencer a maldade, o menino foi pelos anos de vida afora a caçar uma moda de viola para fazer seus dias clarear. Hoje, velho alquebrado, sem cabeçalho ou ponto final, vive de bar em bar, a desatinar. Fala com um, grita para si mesmo e vê-se, em enlevo, nos últimos dias brotar feito espinho que fere o dedo da amada com a rosa despetalada sem saber porquê...

segunda-feira, 6 de março de 2023

Com Beto Guedes

Por Ronaldo Faria


Madruguemos, pois, mesmo que a noite ainda esteja nos seus estertores. Saibamos dirimir nosso certo e errado. Possamos errar e arrematar conchas e grãos de areia que se diluem nos dedos e desejos. Saibamos que a vida é um curto caminho que se esvai como falácias ao vento que vemos viajar a cada segundo. Sejamos um surdo a ouvir em surdina a poesia que desatina a caminhar nas teclas quietas e prontas para explodir em seu mesmo lugar. Logo, possamos divagar feito cheiros no ar, livres, leves e soltos... Creio, isso nos bastará...


domingo, 5 de março de 2023

Com a boca livre

 Por Ronaldo Faria


Corre rio para o mar, faça-se desaguar feito gota de chuva a desabrochar de pétalas transversas e vorazes a tomar de chofre aquilo que chafurda para não ser lama e virar vida. Aqui e acolá um fruto cai para dar de comer às formigas que correm num desolador saber que a morte está logo ali.

Corre o tempo para o fim, famigerado chegar que não leva a nenhum lugar. Talvez um sonho famélico por fazer de si mesmo o esmo de um mundo ensimesmado de jogar às horas e minutos os diminutos e frágeis chegares. Na brincadeira de ser sem eira e nem beira, um umbral volatiliza mortal.

Corre a boca entre as pernas entreabertas da amada, desarmada de sofreguidão e paixão. E silencia a si mesma em lânguidas lambidas pueris e febris. No compasso do passo a passo que percorre madrugadas repletas de fadas e fingimentos, tormentos e tortuosas curvas de um corpo que sua ao som.

Corre o acorde que acorda a verve do poeta de mentira que sentencia a embriaguez perene de saber-se um ser pungente diante do fim. E vaticina a vadia orgia de letras, notas, sons e cismas. Algo que talvez valha no outro lado de qualquer rio, entre risos e desafio. No fio da navalha, derradeiro frio.

Corramos, pois, sem saber a estrada, a luz, o caminho, o destino ao desatino. Sejamos algo como a atravessar um arame de farpas e aço. Num equilíbrio bêbado entre um lado e outro. E assim seguiremos, palhaços e mortais, dramaturgos e artistas num teatro vazio a pedir bis na solidão inoportuna da vida.

(Ao Boca Livre)

sexta-feira, 3 de março de 2023

Ao João Bosco

 Por Ronaldo Faria


 Página branca, pintada de luzes e branco, feito neve que vem sobre o olhar esbranquiçado do tempo deletério e etéreo. Coisa de tocaias no meio da avenida escura e toques inertes de doçura e verve. De laje com as suas lajotas a derrearem a dor da separação. De onde se vê a vida que já foi, a que é e aquela que não virá. Alvissaras a quem assim quiser ou puder. Que viajam nos céus que enegrecem e clareiam a cada girar de uma bola azul no infinito. Talvez um invés que foge pelas mãos e percorre longínquas esquinas onde sinas e sonhos se enternecem de tanto beber e acreditar que a lucidez um dia chegará.

Página com algumas letras estapafúrdias que brotam sem saber porque e nem sequer se ali deviam estar. Mas, estão. Fixas, claras, negras, deitadas sobre o fundo branco e sob os dedos do poeta que nunca foi. Como um corpo estirado no estrado a fazer amor, entre orgia e dor. Do alto, santos mil, negros e pretos, cheios de força e luz, jogam pétalas de flores vermelhas e molhadas de gozo e ilusão. Senão, quem sabe a inócua incerteza que a vela que agora veleja traz benfazeja a paz. Coisa de corpo e alma, tragédia disseminada e livre só por ser. Brinquedo de cores que buscam o inexistente e perplexo mar.

Página completa, transversa e musical, dicotômica e atônita apenas por sê-la e ser. Algo próprio e perverso no verso que vai e vem num vaivém. E notas trocam o traste do violão para vestir de prazer e gozo que cada velho e cada moço se joga às vísceras abertas da vida para apenas viver sem sangrar. Mas há amor sem sangue e sofrer? No desvanecer da hora que dorme entremeada de lua e escuridão, as pedras no asfalto rebrilham no chão. E vem e vão os minúsculos lábios que se tornam abertos para o impossível que existe no real. E chega o fim, o derradeiro fingir e o saber que a solidão estará sempre aqui.

quarta-feira, 1 de março de 2023

Vou resistir, ainda...

 Por Ronaldo Faria


Meu companheiro de batalha sonora, Edmilson Siqueira, resolveu, na marca de um ano do Musicoólatras, no mês passado, deixar o barco. Dá para entender, ele tem afazeres diários constantes. É apresentador do Bastidores do Poder (https://www.radiobandeirantescampinas.com.br/programacao/bastidores-do-poder/) coisa de responsa, de verdade, e escreve para o Chumbo Gordo (https://www.chumbogordo.com.br/), que também é de alta responsa, além de outras coisas mais. Achei que ele está certo em largar mão daqui. Afinal, certamente ninguém estará lendo este texto mesmo. Nascemos como ideia numa apresentação de música em Barão Geraldo, colocamos a coisa em prática e vimos o negócio acontecer. Estamos próximos dos três mil acessos. É bom? É. Mas já se vai pouco mais de um ano da criação. Isso quer dizer que foram, em média, 250 acessos por mês. É pouco. Faltou ação? Talvez. Faltaram novas plataformas de divulgação? Talvez. O tema é chato? Um analisando discos e o outro viajando na maionese. Pode ser. Na verdade, estas duas vertentes foram para mesclar o tema, deixar coisas díspares e próximas para agradar gregos e troianos, ou desagradar ambos. Mas, é isso: pretendo continuar, após ver completo este um mês que o Ed nos deixou. Pretendo manter um ritmo contínuo. Minhas loucuras e, talvez, vez ou outra, uma análise de um disco. Afinal, tenho milhares deles. Como aposentado das letras jornalísticas, me aterei a essas aqui, daqui, ao menos por um tempo mais. Assim, vamos ver aonde tudo vai parar... Assim, boa sorte pra mim mesmo, já que ninguém deve ter lido mesmo. Valeu! Vamos em frente que atrás vem gente com fome.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Fevereiro ao som de Pink Floyd e Crosby, Stills, Nash e Young

 Por Ronaldo Faria

Fevereiro, feverei-se. Chegue devagar, no sapatinho. Sei que passará logo, por ser curto, como a vida de cada um. Mas respeite os limites do tempo fugidio, as têmporas que nunca mais encontrarão os temperos pródigos de cada história que está nas estórias do dia a dia. Os olhos que não repartirão sorrisos e lágrimas nas íris que se embrenharam em lençóis e sóis. Adie a frieza da realidade insana e nos jogue de joguetes no universo do verso nunca escrito. Saiba, de forma sábia, se desvencilhar de desejos que dobram esquinas e se esgueiram em versos sem rimas. Esqueça os dentes que não mais existem, a hesitações das horas programadas, as madrugadas naufragadas e fadadas a se afogarem de saudades sobreviventes ausentes e tardias. Como dois corpos vadios e vazios a correrem entre o escuro que se esconde dos postes e os posts que se enxergam num nada para sempre. Subserviente ao calendário se faça somente fevereiro derradeiro e brejeiro. Aquele que limita em cada segundo o mais profundo perfume dos odores das dores da existência e seja premência na insurgência que doura de pílulas a mais nobre e pobre vigência. Vivencie seus poucos dias em notas dissonantes e orgias. Simplifique e ressignifique incensos vencidos desde setembro de 2017 e que impregnam a noite e os pulmões à espera que não exalem somente uma semente de cheiros que morreram às dezenas e esqueceram de tardar...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Ao Pink Floyd...

 Por Ronaldo Faria

Como um semianalfabeto declarado e assumido no linguajar inglês desde os Anos 70 (para não aprender a língua do opressor) pode ser um apaixonado pelo Pink Floyd? Coisas que só a música e a emoção saberão responder. Daqui, como disse o poeta, só sei que nada sei...


terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Para o João Bosco

 Por Ronaldo Faria

Tiro e bala para lá e para cá. Manda ver, saravá. Fique de frente para o crime, mas não esqueça que muito ainda tem que ser e outro tanto há de chegar. Para além do Pará, fica aqui e depois de lá. Pega a primeira prostituta que não dorme na labuta. E escuta: em algum lugar deve ter um pássaro a cutucar madeira e cantar. Deixa o corpo e deixe-se levar. Receita segura: madrugada e meia garrafa de uísque a tomar...

Não se lembre de prosopopeias, paródias ou gonorreias. Regozije-se de saber diferenciar a moça da velha. Viva as madrugadas. Dê vivas à vida. Acredite que é possível o destino voltar. Veja a amante como namorada loquaz. A enxergue entre fumaças quentes e fumacês labiais. Fale francês. Libere o desatinado ato de querer. Lave-se de sêmen e semântica, oratória e mera mixórdia. Não esqueça, no domingo, de ingerir a hóstia.

Hostilize a morte. Beatifique cada segundo vivido como o seu mais recente passado. Passe diante dos poderosos e diga de peito cheio: “Sou um ignorante e analfabeto, sim! E daí? Vai querer encarar?” Dê a cara para os tapas e esperneie como fosse seu único estertor. Eternize os bons momentos, quando ela estiver contigo, nua, gemendo, ouvindo e vendo. Penetrada e te engolindo de amor e prazer.

Se não souber o que fazer, não faça. Coma Doritos! Siga os ritos e rituais. Cante em duetos e se esconda nos próprios e próximos guetos. Grite! Amplifique o coro dos aflitos. Seja um número a mais, se isso lhe apraz. Aprecie o próximo como um gótico. Saiba onde fumar o derradeiro ópio. Em degredo, descubra a melhor forma de viver o ócio. Mande o síndico tomar no cu. Aos domingos, não se esqueça de orar e introduzir a hóstia.

Invada as madrugadas perdido de si e do mundo. Afinal, não há ninguém mesmo para resgatá-lo, ampará-lo ou escondê-lo entre grandes seios e lábios pequenos. O temor da solidão, saiba antevê-lo. E esconda-o num canto qualquer, esperando chegar a mulher. Se puder, robotize-se. Vire um genoma a ser estudado, um boi a ser castrado, um feto a ser abortado. Mas não espere a morte chegar. Se não puder impedi-la, só de sacanagem antecipe-se a ela. Quem sabe, de saco cheio pela sua traição, ela não te deixe viver!

E cante e dance. Pegue um travesseiro, o mesmo que ela usa nas manhãs de amor, e rodopie pelo minúsculo salão. Sinta o cheiro da amada e não se ressinta da falta da pele. Feche os olhos e, enquanto der e puder, creia que ela logo irá substituir as penas de ganso. Afogue-o, se tiver chance. Chantageie sua emoção. Diga para si mesmo que cinco contra um pode ser uma seleção. Mas, por favor, por tudo o que há de mais sagrado e secreto, derreta, aos domingos, a hóstia na sua boca, mesmo se essa tiver gosto de nada ser.

Feliz tempo novo a todes nós!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Farofa Carioca

 Por Ronaldo Faria


Farofa de onde? Carioca? Que Rio? Que janeiro é esse? Quem nasceu na Zona Norte pode ser considerado da Zona Sul depois de mais anos passados lá? E se o maior amor e primeiro desse tempo foi no subúrbio, seremos suburbanos? Seremos, somos ou fomos? E a fome de vida fica no La Mole ou no Papagaio’s ou num bar perdido na Dias Ferreira, no Méier? Onde reivindicar o endereço final? Há, afinal, um fim? Um lugar a se largar? Um lagar? Uma quitanda fatalista de esquina que vira boteco (bebamos ao medo)? Onde há praia de graça? Onde há a mulherada assumindo o controle da situação? Há como não marcar bobeira geral? Sei lá. Quem saberá? Onde encaixar dois corpos sem ficar de bobeira na pista? Aqui ou acolá? Sei lá... Mas quem saberá? O que parece feio é que é bonito... Daqui vamos a aprender e “viver”. A lucidez é viver? A loucura é apreender? Sabe-se lá ou acolá. Afinal, no final, nosso (meu) sonho é apenas ser lambido pela filha e descobrir que tudo era mero brincar de ser. Mas o que é ser? A cada noite vivo um sonho/real louco e novo, feito ovo a ser esculpido no cu da galinha/rainha da vida. O importante, no fim, é saber de onde é a farofa? Carioca? Eu sou carioca, de nascença, quando a Guanabara era capital federal. Sou e sempre serei. Ou não.

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Bee Gees no passado...

 Por Ronaldo Faria

Saudade cabe no tempo? O vento em descalabro cabe no tempo? O tempo se mede no tempo de segundos, minutos e horas? Talvez, na memória de cada um, sim. Ou não... Quem saberá? Uns restantes de neurônios parcimoniosos em sua lembrança ainda funcionam? Um resto de crença na sua festança derradeira antes do esquecimento de toda uma vida sobrevive e vive? Saber-se-á. Mas, enquanto algo durar, que sons and songs borbulhem em centilitros e passado na escuridão de luas e loas? Mas existem passado, presente e futuro num só? Existem de verdade ou serão mera mentira de um metaverso qualquer? Seremos nós simples bonecos e fantoches de algo maior a trocar de concha e pele a bel prazer de nosso dono ou apenas seres a não saber de onde viemos, o que somos e até onde iremos? A ouvir Bee Gees nessa madrugada em que mais uma primavera se esvai, não sei agora responder. E com certeza daqui para a frente não saberei. Estou apagando devagar, ainda bem. Deixo a quem chegar ou estiver na sua plenitude que possa responder. Senão, feito poeta revoltado, que o mundo vá se foder!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Chico e Ney

Por Ronaldo Faria


A ouvir Chico Buarque e Ney Matogrosso. Precisa escrever e dizer mais? Pelamor... Não me obriguem a fazê-lo. Não teria palavras para tanto. Não há no dicionário nada que o faça.
  A beleza e a perfeição não têm como relatar.

Presságio natalino

 Por Ronaldo Faria O Natal corre brejeiro e cheio de cheiros, madrigal. Se esconde nas cercanias de casarios perdidos no tempo ao vento qu...