quinta-feira, 27 de junho de 2024

Sá e Guarabira

 Por Ronaldo Faria

Um baseado chega naquilo que se baseia ser a ínfima realidade certeira e brejeira. E faz o mundo voar, volatizar, traceja tempos e têmporas, refaz passado e realidade, átimos e átomos de um pensar esfarelado. Nossas lembranças, nas reentrâncias desmedidas, são apernas coisas escondidas num pedaço de cérebro que logo se desfará. No lugar, um ilusório brincar de saber que tem que ser agora porque a sanidade está a derrear.

Genovésio, longevo ser que pensava morrer há vinte anos, vive a noite como se ela fosse um açoite desses que sangram nas costas um sangue que desce sem parar. Para ele, elástico nas formas de escrever, existe o limite da essência do nunca voltar. De não poder refazer erros de outrora, quimera ilusória, aurora que nunca surgiu. A urgir, a urgência de ser. Nas estradas demarcadas e voláteis, algo que ficou e ninguém poderá tirar.
No mundo daquilo que hoje se sabe, no pó fortuito de toda a estrada, a imaginária e insana realidade de tempos no atrás de atrozes, nas artroses do pensamento e do lamento, do alento descompassado da flor que nasce sombria no fulgor. No fundo de uma angústia, a dor. A insana chegança de querer transformar passado em presente redentor. No mundo abstrato, o destrato que um lampião de querosene hoje se faz em detrator.
Lembranças surgem e emergem dos cântaros, correm nos poucos neurônios que existem e prestam são, sobremaneira, maneiras de acreditar que há como eternizar momentos de alentos para o que  virá. Na madrugada, canto de sabiá. Na insurgente crença que a gente traz, Genovésio faz seus versos para ninguém. No apartamento ao lado chora um neném. Quando ele para, a avó diz amém. Do futuro, ninguém sabe o que vem.

Presságio natalino

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