Por Ronaldo Faria
Atahualpa Yupanqui toca quieto. Há o
feto em paixão, extraviado em cada gozo que não se fez na vagina, presto, a
habitar em mim. No tanto de afeto, outra realidade passageira, ligeira,
inteira. Eu aqui, ereto e incrédulo, entre o meu amor por ti e a realidade de
tê-la estanque. Sentimentos fálicos, saudades em deságios, veleidades, quartos
mínimos onde cabe, porém, um universo só nosso e sonoro. Cheio de juras e
afetos. Versos de beijos lambidos, suores lavados, orgasmos mil, olhares
marcados, carinhos desvanecidos, amores passados. Cheiros, línguas, cabelos e
fios de barba largados em nossos corpos, denunciando afagos de paixão e tragos
de saliva e vida. Carícias, malícias, ofegantes premissas. Eu e você: sevícias.
Nosso mundo díspar, em par. Homem e mulher. Dois em um só. Nas madrugadas rompidas e corrompidas das
manhãs e tardes vãs, vaticinadas na realidade horizontal, encaixada,
apaixonada, tragada de desejos e beijos sobejos. Solfejos, quiçá. Nós e um só,
a termos dó dos outros, dos nossos outros e de nós mesmos, pela separação
desmedida da paixão impensada de tão incomensurável. Por nos termos guardado no
nosso mundo, nas nossas emoções, um para o outro e outro num só, no amor que é tanto
que chega a dar dó...
II
Te amo. Te quero. Te desejo.
Nos amamos. Nos queremos. Nos
desejamos.
Somos. Seremos. Nos temos.
Nisso, eu e Drummond somos iguais.
Eu e Vinicius à mesma sensação.
Eu e você sabemos: nossa paixão nunca
vai perecer...
Te amo. Sou teu. És minha. Somos um
só.
E ninguém nunca mais nos roubará um do
outro.
Somos como loucos: cazuzamente
soltos...
Dois corpos num só universo.
Uma madrugada de único verso.
Eu sou você. Você é eu. Somos espelho
convexo...
Teu reflexo sou eu. E eu me vejo em
você.
Somos um só: nus, no sol, a viver...
Sendo um mesmo até que o tempo resolva derrear.