segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Bosco e Aldir

 Por Ronaldo Faria

 


Era para parar, mas com João Bosco e Aldir Blanc, como fazê-lo?

Dois pra lá, dois pra cá. Era assim que Bia e Ariovaldo vagavam no salão. Tudo bem que, às vezes, eram alguns pra cá e tantos mil pra lá. Mas quem há de cobrar? Quem, em insana inconsciência, não virou malabarista ou dançarino num circo da vida? Nesses dias que a gente crê ser dono da própria vida e contar consigo para seguir até o fim. Enfim, quem nunca não acreditou que tudo não morre aqui? Do outro lado da rua o rabecão pega o corpo de um homem crespo que acreditava que atravessar a rua sem olhar era normal a se fazer e criar.
Quatro pra cá e dez por lá. A bater noutros casais e ao menos ter a compostura de pedir desculpas, Bia e Ariovaldo dançavam em garranchos de reviravoltas e voltas tresloucadas que nem a banda de tantos anos de bailes conseguia seguir. “Onde será que esses malucos aprenderam a dançar?” – se pergunta o maestro sem saber como acompanhar a dupla que beijava-se na boca.
Dez pra lá, saber-se-ia contar ou descontar quantos pra cá (onde é o tal cá?). O dia já está brincando e brigando com o tempo pra tentar se achegar e chegar. No freezer, outra lata tenta ficar gelada o bastante às loucuras inglórias que surgem no dedilhar. “Por isso você não para! Não basta o que já se fez parar?” Sem respostas, o aprendiz de poeta defeca letras, sílabas, parágrafos, pseudo estrofes e versos. Um italiano dirá que é vero. A brincar de palácios fálicos que surgirão nos seus pesadelos e os desmazelos de acordar várias vezes na noite brejeira, Ariovaldo chama Bia para brincar de quem pensa um dia ser papai e mamãe. Na estação do rádio, diria o poeta, o locutor viu um cisco no olho entrar logo no momento que o único craque do jogo faria um gol de placa. No pasto perto, uma vaca comia, tranquila, sua alfafa.

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