quinta-feira, 11 de julho de 2024

Praguejo em samba-funk

 Por Ronaldo Faria

 

Um Cavalo de Tróia se meteu na tramoia. No colo da mulher, a joia. Pra rimar, a selva tem a jiboia e no mar o menino segura sua boia.
“Alô, rapaziada, cadê aquela apaixonada tarada? Pelo visto, vamos ter mais uma noite a virar prato vazio sem mandioca! Seca na horta.”
No som alguém diz que temos de voltar à pilantragem. Mesmo se estiver à margem, com saudade ou na periferia pueril da cidade.
Nas frases desconexas, um samba zen, um imbróglio que se tem, o carro a correr mais de 200 para driblar o inoperante e errante radar.
No mar, decerto e com certeza, se a tese da travessia sob a chuva não rimar, ondas e sereias se misturam aos troços que flutuam no soprar.
No asfalto quente que queima as patas e os pés de andarilhos, ninguém teme passar pelos trilhos para sua amada do subúrbio beijar.
Na mesa do passado, cubra libre e gim com tônica estão atônitos com o casal afônico que troca línguas, olhares e toques sentimentais.
Quem rogou a praga ou mandinga o fez tão bem que nem a boa da lata consegue fazer dela um interregno em vidas proscritas e desertas.
A musa louca estrangeira de casamentos mil deve estar agora abotoada numa camisa de força ou desbotada nas madrugadas molhadas?
Afinal, raio em X acerta na mosca ou a mosca pousa resoluta, como uma filha da puta, justamente no lugar que determinará a sentença final?
Em uma semana chega 2024. Quem não conseguir segurar a onda que pelo menos se preste a cair de quatro e resistir. Algo, saibam, irá florir.
As contas que chegam e despencam feito tempero do feijão tropeiro no bolso acham que são eternas. E, voluptuosas, carnudas, são mesmo.
“E aí, rapeize, agora vai? Há décadas que diz que vai e, de repente, feito repente, não vai a lugar nenhum. O poeta errou de maternidade.”
Carioca sem oca a ferver os ovos no asfalto, uma ova! Do ovário da baiana surge a trama que parece nunca virar rap, funk e nem sequer reggae.
No batuque do atabaque, o baque da arritmia, a inóspita e sombria trilha de uma cascatinha que chega do morro e vira torno para a vida tornear.
Na sala de aula, a opulência da morena vinda de outros mares, alhures lugares e olhares. Na lousa, Karl Marx vira cupido de prenúncios do Núncio.
Derrubar o morro ou não? A estrada vai chegar? De que adianta com o “progresso” querer prosear? “Senhores motoristas, vamos nos engarrafar.”
O vento que venta no ventilador daqui não é o mesmo que joga o bafo quente do ventilador daí. Logo, nos ventilemos para não ventilarmos mecanicamente.
Fernanda Abreu é como uma biografia que a abreugrafia daria se tivéssemos seguido os maços e descompassos que nos brandiam vitoriosos nas orgias.
“E aí, galera, em 2024 vamos cruzar a esfera?” O vendedor de pacotes turísticos tenta descarregar a mais rasteira quimera. Acho que irá se foder...
“Diz pra nós, sangue bom: você preferia que voltasse o grapette, o crush, o mineirinho ou apenas o velho, gelado, achocolatado e bom chicabon?”
Tempo bom em que o pipoqueiro que estourava milho defronte da escola podia vender o Zorro, geleia colorida e amendoim sem cocaína e afins.
Agora fodeu: gastei o dinheiro do barbeiro em doce. Pra quem jogo a culpa? Na inflação que chegou no golpe de 64 ou no dono comunista da quitanda?
 
(Frases dedicadas à vascaína Fernandinha Abreu)


A mosca moscando

 Por Ronaldo Faria A mosca se enche de vitamina D, mesmo que não precise precisar. Decerto, ela não liga se irá torrar. Se o sol pode quei...