terça-feira, 13 de agosto de 2024

Asdrúbal e o nosso trombone

 Por Ronaldo Faria

 


A onda rebate na areia que agradece o arrefecer do calor que a queima ao sol causticante. A lua, que brilha nalgum lugar do céu, não quer nem saber de chegar. “Com esse bafo a brotar na Terra, não sou nem louca de entrar em órbita”, pensou.
Mas num canto onde o instantâneo não é uma linha de fogo e a sombra de um e outro coqueiro faz de esmero uma brisa mínima, o casal crê que o amor ainda é provável. No afável toque de mãos, surge o abraço. Depois, a lambida e o afago.
Um trago de cachaça jogada no limão para amenizar e brincar com pedras de gelo, o enlevo que antecipa as tempestades, a rara saudade. Nos corpos desnudos e suados, mil cabeças, pernas, braços. Cafuné pra dar um pouco de carinho e de fé.
No céu, a se rir e esbugalhar os olhos para assistir o homem e a mulher, o sol até pensa em diminuir para não atrapalhar o amor. Mas qual, sacana, senhor do apocalipse fetal, prefere fazer de seus raios um arraial de danças que emergem das brasas.
Assim, a derreter as últimas neves do Himalaia e do Nepal, a cantar seu próprio hino nacional, o astro rei chama novas chamas para iluminar a apoteose letal. No seu cantinho, o casal finalmente goza em orgasmo total e fatal. O sol? Ele, esse cretino, descobriu por fim que de nada adianta querer escrever todo o final...

(Ao Asdrúbal Trouxe o Trombone)

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