sexta-feira, 19 de julho de 2024

A Mazinho Quevedo

 Por Ronaldo Faria

 

Marlúcio, mistura do desejo dos pais de se chamá-lo Mário ou Lúcio, viajava com a vaquejada no sertão que há muito não sabe o que é água ou remissão. É só brincadeira, sobremaneira ensimesmada de si mesma na fragrância da mulher que mostra seus peitos à vontade. No seu amanhã, logo cedo e de manhã, quando o sol resolve expulsar a lua e a negritude do céu, a certeza de que haverá um cateretê. Lúcido, translúcido, no imaginário de um aprendiz, segue inútil na estrada cheia de pó e poeira, onde a eterna história da eira e da beira não se faz história rasteira e verdadeira.
Marlúcio, que pensa em mudar para o “Sul” e se tornar peão numa obra qualquer, mesmo sem casa ou mulher, segue no seu jumento a prosear consigo mesmo. Brinca de se embriagar e fazer da inaudita sobrevivência o derradeiro chegar. Nele, crê, haverá a amada, a chaga curada, a porteira nunca fechada. Afinal, se nessa vida de perrengues e ventres nus não houver crer, de que vale continuar? Volátil em si mesmo, sabedor de seus breus e banidos queixumes a Deus, continua apesar do sol que mata o plantio sórdido e a montaria a seguir seu latifúndio nenhum.
Marlúcio, cadáver ambulante no destempero que o tempero do destino não sabe alternar, só diz que a hora é de orar. No amanhã, a amada a cobrar. No mato rasteiro, a cobra pica a perna do menino. A morte é certa abraçada nela. O chocalho da cascavel é como um samba e xote a rima ordenar. A ordem de hoje não quer saber, sequer, o que o amanhã será. Ser-se-á a pomba vadia qualquer ou o rei sabiá. Afinal, se a vida é apenas momento em tormento, que as tormentas do logo mais sejam como a garça branca, a voar. A alma, insone, há de desertar e despertar.

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