quarta-feira, 17 de julho de 2024

Floriano, que a flora te dê flores

 Por Ronaldo Faria


“Logo mais deve ser hora de parar”, pensa pândego Floriano. Puto pelo nome lhe dado, de um ditador militar do passado, diz a todos ser apenas Ano. Desse jeito serve para aqueles 365 dias que foram bons e mesmo para aqueles que queremos esquecer. Logo, ele sempre estará bem aos presságios e maldições de todos, a rodo. Quisera todos nós tivéssemos um nome assim, desses que não fedem e nem vão cheirar. Que passarão incólumes pela vida, quase despercebidos da eternidade, livres da maldade e da devassidão, da guilhotina da gramática e da sofreguidão. Anatólios, Ferdinandos, Maristelas, Berenices e outros tantos (me perdoe quem assim é, não foi por mal, foi só por rima) que tramas levarão para sempre? Serão diferentes, referências para o além. Ainda bem. Quem irá querer ser alguém a mais entre tantos milhões de alguéns?
“Logo mais é hora de voltar à realidade, a puberdade tardia, a bastarda terapia nunca feita, afeita a pedir perdão ao mundo singular.” Floriano, perdoem o erro, seu nome é Ano, está atônito com a verborragia que emerge de tão ignóbil ser. Mas, no derredor da dor, esse emaranhado que mistura tango e fado, casais casuais veneram o lábio colado, a devassidão do logo mais, a tristeza do após. Muitos estarão longe e longínquos quando a próxima meia noite vier. Certamente, abrigados nos seus cantos sem vozes, viverão seus descaminhos e artroses, camaleões de incertezas e veleidades, bastardos de si mesmos. Imaginários seres descompensados e cheios de mentiras, castas de uma religião que une nada ao passado. Assim, assoberbados de coisas nunca feitas ou a fazer, nadam em mares que se arrebentam nos corais do crivo sentimento.
“Que os ventos que eternizam fastios e fatalidades fátuas saibam quando parar.” Na fé que a fatalidade dá, Ano não deixa a dança acabar. Com certeza ela há de rodopiar noutro luar, colada com o amante que se acha o emir do Catar. A fé empertigada de perdigotos que vêm das bocas trançadas e traçadas no mesmo limiar, o lumiar da parcimônia que nem mesmo a maior amônia traz a sensação do amor a derrear. E tudo vira um universo particular, um espaço mínimo e fugaz. Espaço milimétrico entre a verdade explícita e aquilo que só o amor maior esconde dos olhos da inveja mordaz. Na canção que não existe em partitura, a particular vontade de amar e se derramar em prantos e travessias, travessuras de pegar nos seios quando isso era coisa de menino brejeiro.
“Hoje, sortilégios de Satanás, acho que estou nessa vertente de escrever talvez porque esteja perto de morrer. Também, de boa, um dia vamos todos nos foder, ou não. Talvez o fim não seja só esmaecer...” Ano, enfim, descobriu a essência de ser, ou sê-lo.

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