Por Ronaldo Faria
“Em quantos mililitros parar? Não enquanto existir espaço vago e vazio nalgum lugar e banheiro altaneiro em rota segura não naufragar?”
Genésio, esse ser que urge nos nossos pesadelos e desmazelos, demasiadamente íntegro e entregue a si mesmo, invade mares circunscritos em estações de metrô, caminha entre a Augusta e Angélica, Aclimação, senão, no sermão da Catedral da Sé. Já é noite. Dessas que trazem amores bem-vindos e certezas de que os temores da solidão far-se-ão.
Genésio, emérito e agraciado na Academia da Vida Profana e Infame, caminhava no Minhocão quase sem carros. Perto ele, um senhor levava seu velho cão para mijar sossegado. Abaixo deles, um sem-número de vidas inauditas sublimavam o fato de ter nascido enquanto outros tantos dos Jardins e adjacências comiam para depois, enfastiados, vomitar.
Genésio, que a gênese da criação fez exemplo daquilo que existe em si, volatiliza cracolândia e infâmia do Palácio dos Bandeirantes. Nas marginais da vida, marginaliza-se. Na plêiade de cores e odores que evapora, escapa entre os homens. Surge tênue e pleno. Afinal, em todo o final, é sândalo e fedor ultimado. No mágico estertor da maior cidade brasileira, diria o poeta que a consciência vai, junto com os lençóis cheios de fuligem, pra lavanderia.