sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Emile Zola ou Cláudio Zoli?

 Por Ronaldo Faria

 


A noite rolava meio emblemática e meio trágica na sua atávica forma de ser e sobreviver. Casais se lambiam, se falavam, se arfavam, se comiam, se tragavam em goles que surgiam a cada sorver como gaitas de fole. E trocavam beijos, línguas invasivas, dentes abertos, garganta a engolir cuspes e controvérsias que toda paixão dá. E se abraçavam, sangravam, contorciam, retorciam feito fetos que alguns desafetos deixaram brotar. O que será o próximo dia?
Benito, filho bendito de casal qualquer, homem, hímen e mulher, não estava nem aí para o que pudesse florescer e vir. Para ele, a fórceps, o mundo era somente sonho raro. Sobra de luz de poste na esquina onde a vida une vidas solitárias, apátridas que a catarse traveste de paraíso e ultimato trágico de se viver. Benito, vivo em si a crer que nunca é tarde para sobreviver, rolava a noite nos sons que o cataclismo ungido de fé nos corpos nus e banidos um dia será e seviciará o destino num querer. E talvez, quem saberá, num asilo insólito juntará a maternidade.

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