Por Edmilson Siqueira
Que John Coltrane é um dos gênios do jazz, disso não resta dúvida nenhuma. Boa parte da crítica o considera o maior sax tenor da história do jazz e um dos mais importantes jazzistas e compositores deste gênero de todos os tempos. Uma longa vida seria necessária para a maioria dos mortais chegar, digamos, próximo a esse patamar, mas para Coltrane bastaram 41 anos incompletos de vida, pois ele nasceu em 23 de setembro de 1926 e morreu em 17 de julho de 1967.
Tenho vários discos de Coltrane e nem sei do qual gosto mais. Talvez seja "Coltrane For Lovers", uma compilação de baladas que se tornaram clássicas ao sopro do gênio. O CD saiu por aqui, mas o que tenho foi comprado em Londres, na única vez que estive por lá, em 2001. E comprei na Tower Records que, alguns anos depois, deixou de existir.
Mas não é esse o disco que estou ouvindo e tema do artigo de hoje. É outra seleção, ou seja, um apanhado de músicas de outros discos que, por algum motivo, podem ser reunidas num só.
São apenas seis faixas, mas é uma aula não apenas de blues, mas do jazz mais puro e inovador daquela época e que, até hoje, agrada aos mais exigentes ouvidos.
Com vários grupos diferentes, as gravações têm ainda uma raridade: numa das faixas Coltrane toca sax alto, que foi seu primeiro instrumento. Em todas as outras ele está com o tenor que o consagrou.
A primeira faixa é "Slowtrane", do próprio John Coltrane acompanhado apenas de contrabaixo e bateria. Ou seja, toda a parte melódica, nos mais de sete minutos da música, cabe exclusivamente a Coltrane, com um belo improviso do baixo.
A segunda também é dele, que gostava de usar corruptelas do seu sobrenome nas composições. Trata-se de "Traneing In", que já tem o acréscimo do piano de Arthur Taylor. Apesar de ter mais de 12 minutos, a faixa e apenas a terceira em tamanho na seleção. Depois de um solo de piano de quase 4 minutos, é que entra o sax de Coltrane.
Um blues clássico de Charlie Parker - "Billie's Bounce" - é a terceira faixa. Aqui já há o acréscimo do trompete de David Bird e a faixa foi extraída do disco "Red Garland Quintet With Coltrane/Dig It!"
"The Real McCoy", de Matt Waldron vem a seguir. É a faixa em que Coltrane toca sax alto, acompanhado de flauta, de um sax tenor e de um sax barítono, além de piano, baixo e bateria. Detalhe para o belo solo da flauta de Jerome Richardson.
A quinta faixa é "Big Paul", de Tommy Flamagan, com o grupo voltando à formação de quinteto, com sax, piano, guitarra, baixo e bateria. Um solo incisivo de Coltrane marca faixa.
O CD está à venda nos bons sites do ramo e eu não encontrei no YouTube para ouvir.