Por Edmilson Siqueira
Sabe aqueles músicos que são uma fonte inesgotável de
talento, que tudo que fazem e gravam se torna clássico? Pois Wynton Marsalis é
um desses. Já escrevi sobre ele aqui duas vezes, a primeiro comentando um CD
duplo, gravado ao vivo, e a segunda, um disco que ele gravou com ninguém menos
que Eric Clapton, enveredando pela praia dos blues.
Pois desta vez trata-se de um disco genuíno de jazz com
vários standards todos magnificamente interpretados. O disco se chama, bem a
propósito, "Marsalis Standard Times" e só não digo que é o melhor dos
três, porque todos são muito bons e não dá para classificá-los.
Lançado em 1987 pela CBS norte-americana, foi gravado em
dois estúdios: primeiro no da RCA, nos dias 29 e 30 de maio e, depois no da
Sony, em 24 e 25 de setembro de 1986. O grupo formado por Marsalis par a
empreitadas só tinha cobras: além de Marsalis no trompete, Marcus Roberts no
piano; Robert Leslie Hurst III no contrabaixo e Jeff Watts na bateria.
O encarte do disco tem um longo texto assinado por Stanley
Crouch, um poeta americano, crítico musical e cultural, colunista, romancista e
biógrafo. Ele era conhecido por sua crítica de jazz e por alguns livros.
Crouch abre assim seu artigo: "Ao longo dessa gravação,
o Quarteto Wynton Marsalis faz com que o jazz que ele nos entrega seja pleno de
integridade, ousadia e sem remorso. Mas, ao assumir seleções do repertório
padrão que inspiraram um bom número de performances clássicas do jazz, Marsalis
e seus amigos estão se colocando em uma situação em que seu trabalho tem de ser
julgado em relação ao melhor de toda tradição. Aqui, eles são desafiados a
afirmar suas imaginações em contextos que não são nem misteriosos nem exóticos,
nem desconhecidos nem carentes de obras-primas tão imponentes, que alguns
músicos desta geração escolheram evitá-los completamente."
Por aí já se vê que a gravação poderia ter como resultado
uma enorme encrenca. Um repertório cheio de clássicos do jazz é terreno sagrado
para muitos músicos e os poucos que se atrevem a adentrá-lo, geralmente o fazem
depois de muita estrada.
"Mas", prossegue
Crouch, "o Quarteto de Wynton Marsalis não é dado à evasão, e é por
isso que observamos coisas novas acontecendo com essas peças familiares e
encontramos espaços para novas pegadas em pisos de salão de baile arranhados e
marcados por centenas de pés".
Ou seja, o resultado todo foi muito bom, com a moçada
provando que a pouca idade não foi obstáculo para que a excelência do resultado
se fizesse presente.
Vai saí que todo disco é um passeio gostoso por músicas que
estão na lembrança de todo apreciados de jazz. Saca só o tal do repertório:
1 - Caravan (Juan Tizol e Duke Ellington)
2 - April in Paris (Vernon Duke e Edgard Harburg)
3 - Cherokee (Ray Noble)
4 - Goodbye (G. Jenkins)
5 - New Orleans (H. Carmichael)
6 - Soon All Will Know ( W. Marsalis)
7 - Foggy Day (George e Ira Gershwin)
8 - The Song Is You (Jerome Kern e Oscar Hammerstein II)
9 - Memories of You (Eubie Blake e Andy Razaf)
10 - In the Afterglow (Wynton Marsalis)
11 Autumn Leaves (Joseph Kosma e Jacques Prévert)
11 Cherokee (Ray Noble)
O CD está à venda nos bons sites do ramo e pode ser ouvido
na íntegra no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=JsVMXCirqto&list=PLupfniYUeXcnVY8t4todnj6gIg-H25Zls
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