Por Ronaldo Faria
E quando te perguntam porque ainda
viver? Há respostas sábias, sabiás a cantarolarem palmeiras e poetas do passado
a fervilharem poeiras, quiçá, como diria o profeta, rajadas inócuas de vento ou
ira de tubarão.
Por isso não te perguntam mais
coisas sem nexo. Não haverá um açaí sequer que tenha o gosto do teu corpo, o
limiar dos teus beijos, o toque e o sorriso procrastinados a virarem poesia
numa madrugada inerte sem madrigais.
No mais longínquo cordão
encarnado, um pedaço de pêndulos coloridos que fazem perdurar o choro de profanas
unções que nem o mais desbragado e louco bêbado farão existir numa história
histriônica por ser ou ter.
Por isso, “valei-me Deus”.
Afinal, essa moça, pela sua graça, não há de fazer feliz. Só não a quero vê-la infeliz.
Estradas descompensadas e distantes em décadas e caminhos, apenas são a
margarida que, bisonha, não nasceu.
De um lado, a mais linda flor
que alguém possa ter plantado ou suscitado um dia plantar. O que de mais lindo
há ou haverá. Do outro, um descompensado ser, que segue suas esquinas sem saber
sequer o que é chegar ou voltar.
Por isso, a Djavanear, numa
alma mais perdida no cheiro da noite que se apregoa infinda à madrugada, vai-se
a teclar (no tempo que era datilografar) para ver se, ao findar do limiar, nos
descubramos outra vez a vida amar.