Por Ronaldo Faria
Noite,
o que será de ti? Tardia, ínfima, eterna, antes da quaresma, na quaresmeira que
invade a esmo o fim da tarde? E chega quieta, sócia emérita do ócio, oscilando
entre a lucidez e a embriaguez. Taciturna, retorna frenética e imaginária
àquilo que a fez viajar entre raios de sol, luares perdidos e poemas
inebriantes, distantes e fugidios. Logo, bem-vinda seja...
Timeagain, CD do David
Sanborn, me levou a voltar a escrever sobre “avaliação” de discos. Sei que não
sou crítico de música, mas amo a música. Na verdade, ela me fez e faz companhia
quase que diariamente. À música, os músicos e todos aqueles que a amam ou a devoram
sem pudores, dediquei um livro, de 553 páginas: Botecos, Madrugadas, Poesias e
Afins (https://www.amazon.com.br/Botecos-madrugadas-poesia-afins-Ronaldo-ebook/dp/B01BVML6RG/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=34KDMMIMRZSE9&keywords=botecos%2C+madrugadas%2C+poesias+e+afins&qid=1655250400&s=books&sprefix=botecos+madrugadas+poesias+e+afins%2Cstripbooks%2C172&sr=1-1).
Vale a pena ver e ler. E está barato. Ajude um escritor a curtir escrever e
ouvir música.
Mas, feita a propaganda pessoal, vamos ao CD. David Sanborn, para
quem não o conhece, vou apresentar após chupar uns dados da Wikipédia. Ele é um
saxofonista norte-americano que já ganhou seis prémios Grammy, além de ser um dos
campeões mundiais de vendagem no gênero instrumental, com cerca de sete milhões
de cópias. Ele já acompanhou Eric Clapton, Roger Daltrey, Stevie Wonder, Burt Bacharach, Paul Simon, Jaco Pastorius, The Brecker Brothers, David Bowie, Little Feat, Bob James, James Taylor, Al Jarreau, George Benson, Joe Beck, Donny Hathaway, Elton John, Gil Evans, Carly Simon, Linda Ronstadt, Billy Joel, Roger Waters, Steely Dan, Ween, The Eagles, Michael Stanley, o grupo alemão Nena e a pop star japonesa Utada Hikaru, além do nosso Djavan,
entre outros.
No
seu currículo ele tem, segundo a Wikipédia, 27 discos. No seu site oficial (https://www.davidsanborn.com/) são
marcados 24. Vou me ater a um CD de 1994: The
Best of David Sanborn. Ao todo são 16 músicas que juntam Smooth Jazz, Jazz-Funk e Contemporary
Jazz por rápida uma hora e 15 minutos. Afinal, como diz o ditado
popular, tudo que é bom dura pouco. Nele, há Chicago Song, The Dream, Let's Just Say Goodbye, Slam, Lesley Ann, Carly's
Song, Anything You Want, A Tear for Crystal, Over and Over, It's You, Hideaway,
Rain on Christmas, As We Speak, Lisa, Neither One of Us e Lotus Blossom.
A
única coisa incrível e crível é que após este CD, que se propunha ser o melhor
dele, vieram outros dez discos. Ou seja, veja esta obra discográfica como a
antologia até 1994. Ele fez depois mais coisas e muito melhores. Aliás, David
Sanborn é daqueles músicos que a gente fica a decifrar se a sua mágica não
esteja em ter acompanhado tanta gente boa e abstraído, por osmose, um pouco de
cada um deles. Se eu fosse você, buscaria saber mais dele. Vale a pena.
Eu o
descobri através do Pedrinho, que tinha uma loja musical na Barão de Jaguara,
nos áureos tempos dos anos 80 e 90 do século passado e me apresentava sempre o
que havia de bom. Diria que ele foi o meu mestre para abrir a mente ao
inusitado de qualidade. Logo, se você tiver condições, segue aqui o roteiro de shows
do David Sanborn para este mês em https://www.davidsanborn.com/tour.
Se eu pudesse, iria. Mas com o dólar nas alturas, fico daqui curtindo os discos
que tenho dele. Posso até ter bom gosto musical, mas me falta o vil capital.
Ps.: um rápido aviso – vou retomar
a análise de discos e algumas escritas pessoais intercaladas. Afinal, há que se
viver aquilo que se achar melhor. E a vida, creiam, é rápida e voa.