Por Ronaldo Faria
Precisa mais? NÃO!
Por Ronaldo Faria
Farofa de onde? Carioca? Que Rio? Que janeiro é esse? Quem nasceu na Zona Norte pode ser considerado da Zona Sul depois de mais anos passados lá? E se o maior amor e primeiro desse tempo foi no subúrbio, seremos suburbanos? Seremos, somos ou fomos? E a fome de vida fica no La Mole ou no Papagaio’s ou num bar perdido na Dias Ferreira, no Méier? Onde reivindicar o endereço final? Há, afinal, um fim? Um lugar a se largar? Um lagar? Uma quitanda fatalista de esquina que vira boteco (bebamos ao medo)? Onde há praia de graça? Onde há a mulherada assumindo o controle da situação? Há como não marcar bobeira geral? Sei lá. Quem saberá? Onde encaixar dois corpos sem ficar de bobeira na pista? Aqui ou acolá? Sei lá... Mas quem saberá? O que parece feio é que é bonito... Daqui vamos a aprender e “viver”. A lucidez é viver? A loucura é apreender? Sabe-se lá ou acolá. Afinal, no final, nosso (meu) sonho é apenas ser lambido pela filha e descobrir que tudo era mero brincar de ser. Mas o que é ser? A cada noite vivo um sonho/real louco e novo, feito ovo a ser esculpido no cu da galinha/rainha da vida. O importante, no fim, é saber de onde é a farofa? Carioca? Eu sou carioca, de nascença, quando a Guanabara era capital federal. Sou e sempre serei. Ou não.
Por Ronaldo Faria
Saudade cabe no tempo? O vento em descalabro cabe no tempo? O tempo se mede no tempo de segundos, minutos e horas? Talvez, na memória de cada um, sim. Ou não... Quem saberá? Uns restantes de neurônios parcimoniosos em sua lembrança ainda funcionam? Um resto de crença na sua festança derradeira antes do esquecimento de toda uma vida sobrevive e vive? Saber-se-á. Mas, enquanto algo durar, que sons and songs borbulhem em centilitros e passado na escuridão de luas e loas? Mas existem passado, presente e futuro num só? Existem de verdade ou serão mera mentira de um metaverso qualquer? Seremos nós simples bonecos e fantoches de algo maior a trocar de concha e pele a bel prazer de nosso dono ou apenas seres a não saber de onde viemos, o que somos e até onde iremos? A ouvir Bee Gees nessa madrugada em que mais uma primavera se esvai, não sei agora responder. E com certeza daqui para a frente não saberei. Estou apagando devagar, ainda bem. Deixo a quem chegar ou estiver na sua plenitude que possa responder. Senão, feito poeta revoltado, que o mundo vá se foder!
Por Ronaldo Faria
Por Ronaldo Faria
Dedilhar e tirar do som de cordas e madeira uma emoção sem eira e nem beira, coisa que brinda os ouvidos como mera brincadeira. Talvez uma ilusão, sobremaneira, um sonho de ilusória centelha. Uma versão inverossímil da chegada da inexistente felicidade que escorre à cheia de um rio negro que a vida traz na sua esteira.
-- Achei que morreria hoje e
iria rever minha filha. O braço dormente, o choro latente, a tristeza pungente,
tudo como uma vertente inconsequente que a trema não treme mais. Não foi. À espera
no que sei ainda virá...
Por Ronaldo Faria
Só pra dizer que Geraldo Azevedo é muito foda! Mais ainda. Muito além de fodão! Obrigado por ter te conhecido há décadas. Minha "poesia" seria bem menor sem a sua verdadeira poesia.
Por Ronaldo Faria
Notas denotadas de sabor
auditivo e pueril revelação de tudo um pouco no pouco tanto que o quase nada
traveste de muito. Quem sabe uma ilusão infinita que roda na madrugada louca de
lua cheia a segurar a fita carmim que sobremaneira permeia a doce brisa que
corre longínqua. Aqui, na pequena parte que o aparte apraz e dá, me solto num
imbróglio de não saber se vale a pena viver ou morrer. Termino cada segundo
como o taciturno palhaço a rir de si mesmo, ensimesmado e a esmo.
Botas cheias de barro de uma
chuva tardia e seca, ensacada na pilhéria etérea que a saudade permeia e doa.
Que dói e corrói. No espernear da música erudita/popular. Feito pipoca que o
feitor joga para os pombos e púberes seres que anseiam o semear de milhos e
moças de pernas faceiras e abertas. Nas feiras fulgentes e dominicais um cais
afasta a fresta da derradeira festa que esconde a cama onde corpos delimitarão
o lugar em que se deve deixar a tristeza e o dormir do depois a ressonar.
Um violão, uma clarineta, um
solfejo soberbo de se esmerar por qualquer lugar. Na lucidez da loucura
sepulcral, o silêncio que irrompe na noite fria que se esfria para receber o
resto de luz solar. Quem sabe a soberba do amor infiel, a loucura da traição em
fel, a ilusória sapiência que a ignorância do amanhã desfaz. No dedo perdido e
bêbado que suja as lentes dos óculos, um pedaço de ósculos nunca dados, traquejos
de suores lavados, gracejos de bocas sujas das línguas que tanto, no entanto, se
cruzaram.
No limiar de arranjos e anjos
tresloucados e calados, palavras infinitas no finito falar definitivo do altivo
bêbado que se faz poeta e presto. Quem sabe um viajante que arfa na geografia
de um corpo que desce no gole que o copo permite e dá. Um infante infame que faz
da fome a rosa que desabrocha entre as coxas desnudas e soltas da amante
infante que volta a cada noite e que desfaz a realidade em pedaços de sono mal
dormido, carcomido de minutos moribundos e brandos do corpo ao lado.
Afinal, tudo passa rápido e,
como um incauto, grandiloquente e demente, temente de cair do trapézio num
picadeiro inexistente, vou a brincar de ninguém. Um arauto e infausto ser a
descer no inferno eterno onde o demônio, solene, nos espera de terno. Assim,
quem sabe, criança e nada ser, me faça vivente numa esfera que a saudade de um tempo
permeie de fugazes saudades e cicatrizes que vêm e vão como um trem fora dos trilhos,
descarrilhado e solto para viver até aonde sua fumaça o levar.
Assim, no torpor que se repete a cada voz e verso, temporão de um tempo que tinha quitanda, luz de lampião e palavra vã, vou transpondo estradas de terra, mares e marés, ondas cheias de espuma densa, rios negros e invasores, senhores de sua fúria a voltear saudades infindas e crenças distintas de algo que a ampulheta da areia de anos e horas verteu. Por fim, no infindo crer que algo poderá haver, vou fluindo na imensidão que a loucura e a ternura ainda me dão. Um dia qualquer me entrego à eterna solidão.
Por Ronaldo Faria
“A fonte da saudade nem o tempo vai secar”.
Por Ronaldo Faria
Por Ronaldo Faria
A efeméride da felicidade é
finita. Já dizia o poeta que tristeza não tem fim. Razão maldita e infinita,
infindável e insoldável. Uma coisa de saudade mísera e incontrolável, que
demanda lágrimas e um vazio inominável, inenarrável. Dessas coisas que se tem
sem saber porque. Que se esvai em cada batida de coração que teima em respirar
o mesmo espaço onde antes o sorriso vertia. E haja desejo de tudo ter fim. De
um reencontro que, sabe-se desde já, nunca acontecerá. Mas como eu quisera errado
estar...
A ouvir e ver Suzana Salles, Ivan Vilela e Lenine Santos.
Por Ronaldo Faria
Ele pegou o primeiro ônibus que veio. Com hora marcada para ir e voltar. No ato, o asfalto pipocava milho transgênico e torrava ovo quebrado de sobressalto. A fumaça subia feito mato queimado. Tinha cheiro bom e fuligem ruim. Mas cadê a coragem de andar mais do que aquilo que se anda para viver? O sol, milimétrico e hermético em sua inconsequente forma de cozinhar neurônios, despeja suor pelo corpo e deixa sua trilha de passos largos e difíceis no subir e descer de ladeiras e benzedeiras.
Por Ronaldo Faria
Por Edmilson Siqueira
Emílio Santiago foi, sem dúvida, um dos melhores cantores que o Brasil já conheceu. Sua voz segura, afinadíssima e a presença marcante fizeram desse carioca nascido em 1946, um grande vendedor de discos e um criador de vários sucessos e, além de levar novamente às paradas ótimas regravações de músicas mais antigas.
Mas nem sempre foi assim. Contratado pela Phillips-Polygram em 1975, depois de gravar um LP pela CID, ficou por lá durante dez anos, lançando um LP por ano e vendendo, no máximo, 10 mil cópias, um número bem baixo para o tamanho do Brasil.
Seu produtor à época era Roberto Menescal que, segundo depoimento dado ao programa Starling Cast, jamais conseguiu que Emílio gravasse um disco do jeito que ele pensava ser melhor. "Meu público não aceita esse tipo de música", dizia Emílio a Menescal.
Roberto Menescal era um produtor de sucesso e só saiu da Polygram para se associar a um amigo e criar uma produtora própria. E o primeiro cantor que procuraram para um novo projeto foi justamente Emílio Santiago. Por quê? Menescal disse que foi um guru que lhe soprou que, não havendo nada de novo já perto do fim do século, ele teria de apostar em algo já existente para fazer sucesso.
Emílio hesitou a princípio abraçar o projeto de Menescal e seu sócio, dizendo que não era seu estilo e que seu público não iria gostar. O sócio, segundo Menescal, foi mais incisivo: "Que público, Emílio? Aquela meia dúzia de pessoas eu vi ontem na plateia?" Diante da realidade, Emílio pediu para pensar. Menescal aproveitou: "Você tem até amanhã para decidir. É pegar ou largar!"
Acho que os deuses da música interferiram na cabeça de Emílio naquela noite e, no dia seguinte, ele topou.
Resultado: o disco do projeto que recebeu o nome de Aquarela Brasileira foi um sucesso e vendeu 850 mil cópias. E o projeto que era pra ser de um disco só, virou mais seis, vendendo perto de 6 milhões de cópias.
"A ideia era simples: regravar músicas que foram sucesso, sem solo praticamente, é um show em que o cara canta o tempo todo", revelou Menescal no programa. E disse ainda que Emílio, que "dormia num sofá-cama", um ano depois estava morando numa cobertura duplex em Copacabana e ficou milionário, tantos foram os discos vendidos e os shows que fez pelo Brasil afora. Depois dos sete Aquarela Brasileira, Emílio ainda gravou mais treze LPs, até 2011.
No dia 7 de março de 2013, Emílio deu entrada no Hospital Samaritano, em Botafogo, onde ficou internado na UTI após sofrer um acidente vascular cerebral. Ele morreu às 6h30 da manhã do dia 20 de março de 2013, aos 66 anos, por complicações no quadro clínico de AVC isquêmico, na falta de circulação sanguínea no cérebro.
Muitos dos discos de Emílio Santiago estão disponíveis tanto para compra, nos bons sites do ramo, como para ouvir no YouTube e outras plataformas de música.
Por Edmilson Siqueira Sabe aqueles músicos que são uma fonte inesgotável de talento, que tudo que fazem e gravam se torna clássico? Pois W...